A lembrança é um barbante.
Uma ponta amarrada no começo da história,
Outra, em nosso tornozelo.
Se o fio estica muito, mal dá para continuar.
É a linha da memória que vai ficando puída,
a da lembrança, não.
Feita de fibra grossa,
Não afrouxa até que um anjo venha desatá-la
E a transforme numa corredeira de estrelas.
E quanto mais a corredeira for comprida,
Tanto mais rica há de ter sido
a vida.