A Ilha do Nunca   

   

Os dias estavam lindos, velejamos a tarde toda,
ficamos horas a fio, na água da praia do Órfão.
Era um dia de paraíso, que de tão perfeito,
a gente nem vê, nem se dá conta da felicidade que nos ronda.
E seguimos a diante buscando outros momentos assim...
Outras surpresas depois de cada ilha, um horizonte mais próximo.
Ainda sob efeito da mágica, partimos na manhã seguinte,
já não tão perfeita, para uma nova aventura.
Nem a previsão de chuva, nem os ventos,
me fariam desistir de partir...
Quando o paraíso se desfez, busquei um abrigo,
do vento, da chuva, do frio.
Somente o mar ainda era quente e
aconchegante como o nosso ontem.
E esperamos muito tempo até que qualquer coisa de boa acontecesse,
ou que a perfeição se restabelecesse...      
falamos de como sobreviver na ilha da espera,
de encontrar uma caverna, alimento, de nos aquecer a noite...
brincávamos de 'Lost'!
Estavam abertas todas as possibilidades, começar,
recomeçar ou mesmo mudar o rumo das nossas histórias.
Momentos únicos e sutis!
Faltavam, um pouco menos de três horas para o entardecer,
a chuva castigava o mar, as árvores e
nos presenteava com um do-in involuntário.
Montamos o barco de novo e experimentamos sair sem vento;
tínhamos um remo... e seguimos lentamente para terra firme...
E chuva, chuva, chuva, era muito choro que vinha do céu;
pusemos os pés nas areias... game over.