Foi um
dia de muito vento, a previsão acertou em cheio, o mar estava agitado e as
ondas desencontradas. Era primeiro de agosto de 2007, auge do verão europeu.
Tínhamos saído da Ilha de Antipaxos / Grécia (mar Iônico), depois do almoço, seguimos para
o continente, Iogumenistsa para buscar novos hóspedes no Fetch IV - um Tripp
79,9'.
O vento era de popa de 25 a 27 nós com rajadas de 35 nós, a priori estava
uma bela velejada, um pouco tensa, mas ainda assim 'surfavamos' há 13 nós de
média, a princípio estávamos somente com a grande, mas para seguirmos no rumo
exato que precisávamos ir, colocamos a genoa, (isso nos custou, alguns danos
na vela de proa e dois dias parados em Sivota para a costura) o que se
revelou uma mareação perfeita, uma velocidade superior a 15 nós e muita adrenalina!
Já próximo ao continente, entre Mourtous e Iogumenistsa vimos um veleiro,
com dificuldades para fazer um bordo, em instantes estava tudo na água,
mastro quebrado em três partes e as velas mestra e genoa. Como estavam
rizadas não era possível retirá-las da água, além disso o mar estava
muito desencontrado e as velas se enroscavam na quilha (ao lado veja toda a
seqüência de fotos).
Por decisão unânime, da tripulação do Fetch IV baixamos todas as nossas
velas e rumamos em direção do veleiro para oferecermos ajuda. Era um Bavária
37, com um casal austríaco e a filha pequena, um barco de charter, quase não haviam ferramentas a bordo,
somente um martelo e uma chave de fenda, o Luiz e o Bruno (tripulantes
do Fetch IV) desceram no bote com remo, deixamos eles a barlavento do
Bavária; a bordo eles fizeram a avaliação que tinha que jogar tudo no
mar, não dava para recuperar as velas, que estavam muito enroladas na
quilha. E por causa disso o comandante do veleiro não podia ligar o motor, e nem jogar âncora
porque estávamos a 60 metros de profundidade, e pra ajudar o vento e a
correnteza o empurravam para a costa de pedras.
Voltaram ao Fetch IV para pegar o super alicate hidráulico, enquanto isso eu
ficava fotografando e filmando os acontecimentos e a salvatagem porque como
o barco era de charter e tinha seguro precisava de tudo documentado para
liberá-los de qualquer responsabilidade.
Conseguiram salvar a retranca, o resto não teve jeito e depois de mais de
meia hora e balançando muito, finalmente o Bavária, de nome Mare, estava liberado, Bruno ainda mergulhou
para safar o leme, hélice e a quilha das velas e cabos.
O Luiz teve um pequeno
corte no dedo, e parece que esse foi o único dano de verdade; família
austríaca ficou muito agradecida, nos presentearam com
2 garrafas de vinho e uma de champagne, nos contaram que aquele era o
último dia de férias deles e que estavam indo devolver o barco para
retornarem para Áustria. Ainda bem que esse incidente não atrapalhou as
férias.
Nossos tripulante pularam no bote e se soltaram para podermos nos aproximar
a sotavento e tornar a embarcar no FetchIV.
Acompanhamos a família de perto até a entrada da baia onde entregariam
o barco. E nós?
Bem nós, seguimos nosso rumo para Iogumenistsa no motor mesmo
porque já estávamos bem próximos e era um porto que não conhecíamos com um
canal estreito embora profundo; o vento continuava roncando mas já dentro da
baia as ondas não incomodavam. Foi uma ancoragem segura e confortável
na baia próximo ao porto do ferryboat.
Ao amanhecer chegaram nossos hóspedes, e seguimos para Mourtus a fim de
costurar a genoa.