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Saímos em 12/6 e logo nos primeiros dias
de navegação cada um deu um palpite de quantos dias levaríamos na navegação,
meu chute foi o mais baixo de 21 a 23 dias, “ganhei”, fizemos em 23 dias as
2.931 milhas.
Todos os dias falávamos por rádio com Miguel, um radioamador da Argentina
(freqüência 14395) que nos passava a previsão metereológica para as
próximas 24hs e também manda notícias para nossos familiares quando estamos
em navegação), passamos também a participar de um grupo de veleiros que
estavam vindo para as Marquesas, cada um se identificava, dava posição,
informava sobre sua navegação, a grande maioria deles vinham a nossa frente
e com isso ficávamos sabendo o que nos esperava de ventos ou calmarias.
Se quiséssemos comer peixe era só colocar a linha na água, comemos uns belos
dourados, o maior deles devia pesar uns 15 kg e media mais ou menos um metro
e alguma coisa, comi várias vezes meu tão sonhado sashimi e Marisa
inventou algumas receitas no forno que ficaram divinas.
Foi uma velejada gostosa, lógico que tem aqueles dias que o vento e o mar te
balançam mais do que deve e a noite mal dormida com o vento em popa rasa, a
minha dor no quadril que parece ser nos rins a incomodar, isso quase passa a
fazer parte. Dias lindos e noites muito escuras, mas maravilhosas, as
estrelas sem lua brilham como nunca, adoro o escuro, adoro o turno da noite.
Ancoramos em Hiva Oa – Baie de Tahauku, a ancoragem está bem cheia, todos
com ancoras na proa e popa, com isso continuamos balançando bastante,
encontrei com Patrick (estivemos juntos em Medregal/Venezuela e ele fez a
travessia do canal comigo no Navigo), encontramos também o Barbapapa,
veleiro que o Adhemar fez a travessia do canal. Patrick andou arrumando o
chuveiro da nossa ancoragem, umas paredes sem porta com um cano e uma
mangueira com uma água doce geladinha. Santa e maravilhosa água doce.
Do porto a vila de Atuona são uns 45 minutos de caminhada num sobe e desce
(4 a 5 km), algumas vezes conseguimos carona, a maioria não.
No escritório das autoridades locais, a “gendarmerie” tive que pagar uma
caução de repatriamento 117 mil e qualquer coisa de francos franceses, em
torno de 1620 dólares, é uma forma deles garantirem que você vai embora,
você recebe esta caução quando dá a saída da Polinésia Francesa, no meu caso
vai ser em Papete.
A ilha de Hiva Ao é montanhosa e bem verde, tem um pico que constantemente
está entre nuvens, lindo, já o fotografei um montão de vezes, tudo é muito
limpo e florido, desde lado pelo menos temos somente duas praias com areia
bem preta, a maioria das encostas são paredões rochosos, pouco comércio,
pouco turismo, são consigo saber realmente qual a fonte de renda deste povo,
tenho a impressão que há subsídio do governo francês.
A vida por aqui é cara, uma lata de coca sai mais ou menos R$10,00, daí
imagina-se que uma refeição não sai por menos de R$50,oo, a sorte é que não
existe um comércio convidativo ao consumismo e a ancoragem é gratuita.
As frutas do momento: manga, limão e pomelos (uma espécie de laranja,
enorme).
Visitei o túmulo de Paul Gauguin, e não vi tantas mulheres com as pernas
que ele pintava, tudo está mudado, a identidade do ilhéu não é aquela que a
gente via em filmes ou lia, é a globalização – assim mesmo tivemos a
oportunidade de assistir 2 hs de danças típicas, eles parecem estar sempre
em festa, é um povo alegre. Na festa que houve dia 14 – Revolução Francesa
- onde todos dançavam, ouvi e dancei “Moranguinho do Nordeste”.
Marquesas está na mesma latitude de Pernambuco, mas aqui a noite tem
esfriado bastante, na realidade desde o Equador que as noites tem sido
frescas, acredito que seja influência da corrente fria de Rumboldt
Cristina Berringer
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