Onde o
vento me levar |
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Olhando para o mar, na Ilha Grande, após 6 meses sem
meu companheiro com quem vivi 36 anos, destes, 29 casada, resolvi que ia
aprender a velejar e me dei um prazo de 5 anos para ter meu próprio veleiro. No mesmo ano, entrei em uma escola de vela na Represa Guarapiranga e comecei a fazer regatas como tripulante do Maitai ou de qualquer veleiro que precisasse. Ano seguinte - 2006, fiz minha primeira regata oceânica, Eldorado Brasilis - Vitória / Trindade / Vitória com o veleiro Kanaloa. E de Vitória retornei a SP no veleiro Nirvana de Paraty; participei ainda também do pier dos cruzeiristas no Rio Boat Show. Fui ao encontro IV da ABVC na Marina Bracuhy - Angra dos Reis, na Semana de Vela na Ilhabela e em julho embarquei no Costa Leste, depois disso a Refeno, onde cheguei em Noronha na vela, (Em novembro de 2005 havia dito que minha próxima vinda a Noronha seria na vela - na época não fazia a menor idéia de quando e como seria). Esta etapa à vela terminou em Cabedelo - Paraíba, no início de outubro de 2006.. Os ventos sopraram intensamente e não perdi tempo. Aproveitando que já estava no nordeste dei uma espichada por terra para Natal, Fortaleza, Jeri, Lençóis Maranhenses e São Luis onde tenho uma grande amiga jornalista, essas viagens foram uma loucura, só não usei "jegue" como meio de transporte, foi muito legal. Quando estava em Jeri, (com cócegas de ir ao Caribe) mandei um email para a Marisa do Huayra, um veleiro argentino, que não conhecia (Hélio e Mara do Maracatu, me haviam dito que ela estava querendo tripulante para subir ao Caribe), só recebi resposta no meio de novembro, em dezembro de 2006 embarquei rumo a Tobago e Trinidad. Em Trinidad enquanto Marisa fazia reparações no Huayra, embarquei em um veleiro francês, fui até Grenada por 10 dias, voltei ao Brasil para ver os filhos e dar uma geral em várias coisas que ficaram pendentes; retornei ao Huayra já na Venezuela e de julho a novembro fizemos toda costa da Venezuela e suas ilhas, maravilhoso! De novembro de 2007 até março de 2008 viajei num veleiro português, saímos da Venezuela e fomos até Dominica, Bonaire, Curacao, Cartagena, San Blas no Panamá. Desde o início de abril de 2008 estou novamente embarcada no Huayra, daqui uma semana vamos atravessar o canal e fazermos o Pacífico, Galápagos, Marquesas e... o final será Nova Zelândia ou Austrália. Foram 2 anos bem vividos no mar,o que posso dizer da minha primeira experiência no mar aberto, é que me senti como se a vida inteira tivesse vivido isso. O cruzeiro da costa leste foi um aprendizado e tanto, a Refeno então foi maravilhosa, de Fortaleza a Tobago, outro aprendizado, pegamos dias de mar agitado, com ventos fortes e chuva, mas nada disso me impressionou ou me tirou a vontade de continuar, é como já disse: parece que já vivi no mar em outras épocas. Minha experiência no leme comecei mesmo no veleiro francês, indo e voltando à Grenada, foi emocionante. O momento mais dramático foi passando por Barranquilla, Colômbia, (um local que é quase que normal estar ruim) mar muito agitado, ondas enormes, desencontradas, verdadeiros paredões, vento forte e nosso piloto automático resolveu descansar, ou seja pifou!!! Tivemos que pegar no leme na marra, foram mais ou menos 22 horas de leme em duas pessoas, chegamos exaustos, com o interior do barco molhado e sonhando com um banho quente, uma cama na horizontal e sem ruídos de qualquer espécie. Tenho dito aos amigos e família, o mundo todo é bonito, mas o nosso Brasil tem lugares maravilhosos, não é preciso sair dele para ver lugares paradisíacos. Acho que me preparei o suficiente para encarar esta segunda etapa, velejei com barcos e pessoas diferentes, que me proporcionou novos pontos de vista. E assim, aqui vou eu a onde o vento me levar. Até qualquer hora Beijos Cristina Berringer Para ver os barcos que naveguei, os portos, ilhas e paraísos por onde passei, visite meu álbum de foto, clic aqui. |
De Vitória a São Paulo, veleiro Nirvana.
Cristina Berringer, em Tobago |