Percurso:
 Ua Pou e Nuku Iva - Marquesas

 

 
   


Última temporada no Huayra  - Julho/Agosto/2008
 

Saímos de Hiva Oa para Ua Pou somente Marisa e eu, Jorge já havia desembarcado; nesta ocasião eu já sabia que iria também desembarcar do Huayra. Marisa havia resolvido ficar pelas Marquesas por 9 meses, e eu viria ao Brasil pois estava com saudades dos meus filhos, família e amigos, mas acertamos que eu continuaria por mais um mês, até Nuku Iva onde ela pretendia ficar ancorada pela temporada.
Ficamos em Ua Pou 6 dias maravilhosos. Passar por lá foi lindo, existem picos nas montanhas rochosas que me encantaram, cansei de fotografá-los, com nuvens, sem elas, de qualquer jeito elas me fascinaram. Fomos a um festival de danças folclóricas no qual atrai Marquesinos de vários pontos da ilha. Foram duas noites de festas, danças e comidas típicas. Tivemos o prazer de conhecer o Xavier, um francês que mora por lá desde 2003, com ele tivemos mais informações de como vive esse povo, percorremos várias trilhas de jeep, fizemos churrascos a beira mar e passamos alguns momentos em sua casa no alto da montanha com uma vista maravilhosa. Foram dias muito especiais.
De Ua Pou fomos para Nuku Iva, por lá encontramos novamente o veleiro Barbapapa. Christel grávida estava com um enorme barrigão. A família ficaria por lá por um ano, para o nascimento da terceira filha e aguardarem ela estar maiorzinha para se lançarem ao mar novamente. O marido dela é francês, médico e sei que conseguiu trabalho no hospital local.
É uma região muito bonita, montanhas de rochas vulcânicas, muitas encostas escarpadas e poucas praias. Novos amigos, passeios, muita conversa com outros velejadores, poucos habitantes, vida simples, sem shopping, grandes lojas, internet ou casas com produtos náuticos, portanto você deve ir abastecido de tudo que por ventura for necessário para reparos no veleiro, aliás, todas as Ilhas Marquesas são extremamente simples. O abastecimento de alimentos ou qualquer outro chega em média uma vez por semana a cada uma das ilhas, e nem sempre traz tudo que é necessário. Livros, jornais ou revistas só emprestadas entre os velejadores. Nossa biblioteca já estava carente, cheguei a ler mais de uma vez alguns livros.

Consumo de água doce:

Para se ter uma ideia saímos de Galápagos com 400 litros de água doce nos tanques, e conseguimos sobreviver de 12/06/2008 até 09/08/2008 um total de 61 dias, ou seja 6,5 litros/dia, que eram usados principalmente para se fazer as refeições. Os banhos enquanto navegando eram de água salgada e só usávamos água doce para um rápido enxaguar. Em terra sempre conseguimos uma bela ducha mesmo que fria; para beber havíamos levado muitos galões de 5 litros e ainda nos sobrava alguns. Em navegação, muitas das refeições utilizávamos uma parte de água do mar para duas partes de água doce para economizarmos, lembrando que a água do Pacífico é bem mais salgada que a do Atlântico.
Como não existe um pier onde você possa parar para abastecimento seja de diesel ou água, fizemos um abastecimento de água potável na Baie du Controuler na Ilha de Nuku Iva, um trabalho de formiguinha: galões desciam ao bote, rumávamos a praia, enchíamos, voltávamos ao barco, despejava nos tanques, fizemos incontáveis viagens, cansativo mas gratificante.

Uma vez que Marisa teve a aprovação para sua permanência nas Ilhas Marquesas até abril de 2009 saí vendendo uma série de coisas, a capitã tem por norma que cada tripulante que desembarca mesmo com intenção de retorno deve retirar todas as suas coisas, para o caso de não voltar. O que foi muito bom, realmente não voltei. Com isso fiz doações, vendas e tentei diminuir minha mala ao máximo, pois aproveitei o famoso "já que estou por aqui" e fui fazer outros passeios.
Deixar amigos, deixar uma boa convivência traz sempre um pouco de nostalgia, mas faz parte da vida.  Portanto, tocar em frente....
Voei para o Tahiti
Em Papeete tive o prazer de conhecer Alessandrina e Fred, portuguesa e francês respectivamente com um lindo filhote, o Joãozinho. Com eles conheci bastante a região, hábitos e costumes e um pouco da vida cotidiana deles, pois fui hóspede em sua casa por uma semana antes de voltar ao Brasil. Foi incrível!
Papeete recebe gente do mundo inteiro, principalmente através de enormes navios, a cada dois ou três dias tem um chegando com uma bandeira diferente. Muitos japoneses e chineses. Existe um boulevard onde ao entardecer são montados vários traillers cozinhas com mesas e cadeiras, onde servem todo tipo de comida e ali se concentram tanto moradores quanto turistas, uma verdadeira delícia.
Embora a orla seja um porto tanto para veleiros como para navios, é um lugar bastante seguro. Circulei bastante a noite, existem muitos quiosques com venda de artesanato local, um trânsito tranquilo - cheguei até a ficar sem graça algumas vezes, pois mal você desce da calçada e os carros todos param para que atravesse em segurança; só não aproveitei mais por não saber me expressar em francês, mas isso não impediu que eu saísse para todo lado. É muito gostoso perceber que tudo e qualquer coisa é possível quando se quer.
Fiz passeios para lugares lindos, as fotos não mentem. Fui para Morea através de enormes catamarãs, peguei vôo para Ragiroa nas Tuamoto, lugar lindo, comprei minhas pérolas negras e uma espécie de espinho de um ser marinho, lindas, que na volta  andei produzindo belos presentes para amigos e familiares, só não consegui ir para Bora Bora pela distância e pelos preços, nada é barato por lá. Finalmente comprei passagem para São Paulo via Santiago do Chile com direito a passagens de volta, pois essa era a minha intenção na época.

Cristina Berringer

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