31 de Outubro de 1998

Muita expectativa para chegar na Austrália depois de seis meses longe de um continente.

Tínhamos muitas opções de entrada para este país, tudo dependeria das condições do tempo para então decidirmos qual seria nosso porto de entrada.

Fechamos esta etapa de 800 milhas em oito dias, os quais os ventos variaram bastante, agora já não mais predominando os alísios.

Um fato bastante interessante aconteceu neste trecho, cruzar com outro veleiro, o qual mantivemos contato por um bom tempo no rádio VHF. O veleiro Giselly, australiano, eles estavam completando a circunavegação. Quando souberam que éramos brasileiros, nos chamaram de ‘coisa rara’, pois esta era a primeira vez que eles estavam falando com velejadores brasileiros em toda a viagem.

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Apos três anos do nosso primeiro encontro subindo a costa brasileira, foi   com grande surpresa e alegria este reencontro tão inesperado com o casal ALAN & LYN do veleiro SVANIKA, que agora completando a circunavegação,  voltam ao pais de origem (Austrália) depois de quatro anos. Alan & Lyn  deram uma entrevista ao jornal local citando o Brasil como o pais mais  bonito e hospitaleiro que tiveram a oportunidade de conhecer, prometendo  voltar.

Faltando dois dias para chegarmos, o vento passou a soprar de sudeste, o que nos fez decidir pelo porto de Bundaberg. A nossa atenção teve que ser mais rigorosa a partir daqui, porque estávamos nos aproximando das rotas dos navios, e muitos já tinham sido avistados.

Na madrugada de 09 de novembro estávamos passando entre o farol do cabo Sandy e a Ilha Lady Elliot , que também é a entrada para a grande barreira de coral seguindo rumo norte.

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A medida que contornávamos o cabo entravamos na grande baia Hervey, formada pela ilha Fraser onde muitos pesqueiros arrastões de pequeno porte para a captura de camarão trabalham nestas águas abrigadas. Ao amanhecer já estávamos avistando as sinalizações para a entrada no rio Burnett. Depois do contato via rádio com a estação de voluntários, V.M.R - Volunteer Marine Rescue Association, nos instruíram seguir o rio por mais 02 km até Bundaberg Port Marina, onde as autoridades já estariam nos aguardando.

Confirmamos o que já haviam nos falado sobre a rigorosidade na fiscalização das embarcações que por aqui chegam. O oficial de quarentena fiscaliza todo o barco. São muitas as restrições com relação a tipos de alimentos, animais, plantas, artesanatos de modo geral.

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Para nossa surpresa, encontramos um barco com bandeira brasileira, que havia chegado uma semana antes, o Guardian um veleiro de 43’ tradicional do João Sombra e o filho Atila, eles são de Maceió, mas começaram a viagem na Costa Oeste dos Estados Unidos, completando a segunda temporada no Pacífico Sul. Ficaram também bastante surpresos quando avistaram a nossa bandeira e vieram ao nosso encontro com muita receptividade, bons amigos.

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Bundaberg é uma pequena cidade, muito graciosa e com um povo encantador, tendo como principal economia a cultura da cana de açúcar. Depois de uma semana nesse porto, seguimos viagem rumo sul por águas abrigadas, baia Hervey, que protegida pela Ilha Fraser dá muitas opções de ancoragem, em lugares de pura beleza. A medida que se vai chegando mais ao sul da ilha a passagem vai afunilando, chegando-se ao estreito de Sandy, tendo-se que seguir conforme as marcações de canais até a saída pela barra. Livres novamente, em mar aberto, seguimos rumo Brisbane, onde pelas estatísticas dos últimos anos nos dá uma certa tranqüilidade com relação aos ciclones.

Austrália tem uma bela costa. Muitos lugares navegáveis em águas abrigadas, e muito barco navegando, de todos os tipos e tamanhos. Um país com tradição náutica, um país onde seu povo respeita a natureza protegendo o meio ambiente trabalhando na preservação dos animais marinhos e terrestres, fazendo trabalho de reciclagem de material plástico, papel etc…, seus esgotos com tratamento não são lançados em seus afluentes, enfim, um exemplo que deveria ser seguido por todos. Essa é a magia da Austrália.

Aguardem, novos rumos nos aguardam !!!