CURSO ONLINE DE VELA
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Lição 2 - Aerodinâmica, Ajustes e Manobras com as Velas
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Este curso foi desenvolvido e está sendo apresentado autorizado por:
O
curso foi traduzido do original em inglês. Algumas palavras foram
deixadas propositalmente nessa língua ou porque são empregadas
usualmente aqui no Brasil ou porque não encontrei uma expressão que
traduzisse o sentido correto. Agradeceria qualquer contribuição para
aperfeiçoar o texto traduzido. João Carlos (joao@veleiro.net) |
A Vela como um Aerofólio - Velejando no Contravento
A medida que o veleiro avança sobre o vento contra, as velas
separam e promovem um desvio na corrente de vento. Desde que o veleiro não
aponte a proa demasiadamente na direção da linha do vento, as velas conseguem
desviar o fluxo de ar na direção da popa. A energia do vento é então
utilizada, quando o fluxo de ar é desviado desse jeito, resultando num
movimento para frente da embarcação.
Quando a corrente de vento separa-se na borda externa da vela
(na valuma), o fluxo de ar passa ao longo dos dois lados da vela: barlavento e
sotavento. Ainda que o fluxo de ar tenha a tendência de seguir reto, ele é
forçado a seguir o contorno da vela. O vento que passa por barlavento produz
uma força de empuxo chamada drive. O vento que flui por sotavento
tenta se afastar da superfície da vela, criando uma zona de baixa pressão ao
longo da parte de trás da vela. Este efeito de afastamento é chamado de lift.
O lift é o responsável por aproximadamente 70% da potência de
uma mastreação quando se veleja contra o vento.
A genoa da ilustração é usada para aumentar o fluxo de ar
através da parte de trás da vela grande, ajudando a criar ainda menos
pressão, aumentando o lift e, conseqüentemente, a força no contravento.
O uso do efeito "venturi" deste jeito num veleiro é chamado de slot
effect.
Uma potente força aerodinâmica é então exercida pelo
vento na direção lateral, conforme mostrado na ilustração. Entra em cena
então a quilha criando uma resistência que previne o movimento lateral do
veleiro. Essas duas forças combinadas estabelecem uma resultante que movimenta
o veleiro para frente, sendo a interação dessas forças o que permite que um
veleiro navegue contra o vento
As velas devem ser posicionadas de forma a criar uma força lift
maior possível. Se a vela estiver muito folgada, o fluxo de ar não será
desviado o máximo possível. Se a vela estiver muito caçada, o fluxo de ar
será quebrado. Em qualquer dos dois casos será obtida uma performance não
otimizada do veleiro.
Velejando a Favor do Vento
Um conjunto diferente de forças atua quando se trata de velejar a favor do
vento, com o vento pela alheta até a popa rasa. O efeito lifting
é minimizado já que muito pouco vento passa pelo lado de sotavento da vela. A
maior parte do movimento para frente agora vem da simples ação da força do
vento sobre a vela.
Ajuste das Velas
Seja velejando a favor ou contra o vento, a performance do
veleiro depende do ajuste das velas. Para conseguir o ajuste correto, a vela
não deve ser nem muito caçada nem muito folgada. Veja na ilustração abaixo:
Vela caçada demais
Na ilustração o vento esta entrando num angulo de 90 graus
em relação ao rumo do barco, isto é, pelo través e as velas estão muito
caçadas. O vento esta criando uma força de empuxo nas velas mas muito pouco lift
porque o ar não consegue fluir suavemente pelo lado de trás da vela
(sotavento). Como resultado, as forças aplicadas provocam uma inclinação
excessiva do veleiro e o empurram demasiadamente para o lado com pouco resultado
de movimento para frente. As velas devem nesse caso ser folgadas até que a
corrente de ar flua nos dois lados da vela. A forma de se encontrar o ponto
exato consiste em folgar as velas até que a valuma comece a panejar. Caça-se
então só o suficiente para encher novamente a vela, parando o panejamento.
Outra forma de corrigir essa situação consiste em girar a proa na direção da
linha do vento (orçar) até que o barco acelere e incline um pouco mais,
indicando que as velas geraram mais lift
Vela folgada demais
As velas estão folgadas demais quando há um panejamento da valuma e o barco
segue muito devagar e com muito pouca inclinação. Aqui as velas necessitam ser
caçadas para se encherem com o fluxo de ar. Lembre-se que um panejamento
constante degrada as velas mais rapidamente.
Dicas rápidas para o ajuste das velas:
-
Velejando contra o vento: na dúvida, folgue as escotas
-
Velejando a favor do vento: Ajuste as velas de forma a obter um ângulo de 90
graus com a direção do vento
Bordejando Contra o Vento
A única forma que um veleiro pode chegar a um destino que esteja na direção
de onde esta vindo o vento é fazendo uma série de bordos. Bordejar é mudar a
direção do barco de forma que a proa cruze a linha do vento e se mantenha num
ângulo de 45 – 50 graus em relação a esta. Cada guinada portanto será de
90 – 100 graus.
Procedimento para a Cambada:
I.
O Timoneiro avisa a tripulação para se preparar para cambar (dar um
bordo)
2. O Timoneiro gira a cana de leme na direção do lado em que esta a
vela grande e dá o comando: "Cambar"
3. A proa atravessa a linha do vento e as velas mudam de lado. No momento
que as velas enchem-se com o vento, o timoneiro retorna a cana de leme a
posição do meio. Um novo rumo é então estabelecido
Nota:Quando se veleja na orça fechada, a vela grande estará totalmente
caçada não sendo portanto necessário nenhum ajuste durante a cambada. A
medida que o barco vai girando na direção da linha do vento, as velas começam
a panejar. Quando a vela grande enche de vento no outro lado o leme é colocado
"a meio" e o barco assume um novo rumo
Jaibing a
Favor do Vento
Jaibing é a manobra de mudar de bordo quando estamos com o vento
pela popa.
Envolve a passagem da popa do veleiro pela linha do vento. No momento que a popa
passa pela linha do vento as velas mudam de lado
O jaibing é uma manobra que deve ser controlada! No momento do
jaibe, a
mudança de bordo da retranca deve ser criteriosamente controlada. A menos que o
vento esteja muito fraco, esta mudança de bordo pode se realizar de forma
violenta, com o risco de acidente para a tripulação e quebra na mastreação.
Este risco pode ser evitado simplesmente caçando-se a escota da vela grande
imediatamente antes do jibe e folgando logo depois que o barco mudar de bordo
Procedimento para o Jaibe:
Figura 1
Quando o barco está com o vento pela alheta, o
timoneiro vai virar o barco para uma posição onde a popa passará pela linha
do vento. O timoneiro dá o comando "Preparar para o Jaibe"
Figura 2. Nesse momento a vela grande deve ser caçada ao
máximo de forma a posicioná-la no centro do barco
Figura 3. Depois que o barco muda de bordo, as velas
devem ser reajustadas para o novo rumo Figuras 4 e 5.
Nota: Quando a popa do barco cruza a linha do vento, o
timoneiro deve alertar a tripulação que a retranca estará mudando de bordo
Precaução: A mudança de bordo das velas deve sempre
ser controlada
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