Diário 10 - Regata 500 anos, Porto Seguro, Cabrália, Santo André e Ilhéus 

(13/4/2000 a 26/5/2000)

Abril de 2000. O Centro Náutico da Bahia (CENAB) estava em festa! Muitos barcos já haviam chegado de Cabo Verde, a terceira etapa da Regata e Viagem Comemorativa dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, e imediatamente entramos no clima. Encontramos os amigos do Papa-Léguas, Paratii e Hozhoni, barcos que acompanhamos diariamente pela freqüência da Dona América durante toda a travessia. Centro Náutico, Salvador, BA

Cada barco que chegava era recebido com fogos de artifício e uma baiana, obviamente vestida a caráter, os abençoava e dava as boas vindas oferecendo fitinhas do Senhor do Bonfim e, numa bandeja, muitas frutas tropicais e caipirinha para todos os tripulantes. 

Um bar e restaurante funcionavam no mezanino do CENAB deste o café da manha até o jantar e era o ponto de encontro. Um quadro de avisos nos mantinha informados das inúmeras atividades do dia, tais com: recepção no navio-escola português Sagres com direito a coquetel seguido de jantar completo com especialidades portuguesas, tudo regado a vinho moscatel e cerveja Sagres, com certeza; visita ao novo navio a vela brasileiro Cisne Branco (construído na Holanda e entregue em agosto de 99), por sorte fomos ciceroneados pelo Comandante Cantuaria que até sua cabine nos mostrou; visita a caravela portuguesa Boa Esperança guiados pelo filho do comandante, que por sinal é casado com uma gaúcha; coquetel na amazônica Tocorimé Pamatojari, que não apareceu; jantar dançante no Iate Clube da Bahia com comidas típicas do Brasil e apresentação de um Grupo de Balet Folclórico, a portuguesada foi ao delírio com a capoeira e o maculelê; lançamento do livro Mar sem Fim do Amyr Klink; lançamento do livro de Vera e Yure Sanada; além de vários coquetéis oferecidos pela TAM, que patrocinava alguns barcos; isto tudo em menos de uma semana! Mas tem mais, ainda tínhamos tempo de circular pelo Pelourinho, que virou uma extensão do CENAB, pois a cada esquina encontrávamos alguém conhecido.

Também teve reunião de comandantes para a etapa seguinte, com a presença do Capitão dos Portos e várias "otoridades", aqui a coisa começou a degringolar, a desorganização das 2 etapas brasileiras saltou aos olhos.

Nem é preciso dizer que fizemos novos amigos incluindo os simpáticos e bem humorados portugueses (Helio adorava contar piada de português pra eles), além de reencontrar outros tantos como a turma do Caipiruja, Bicho Papão, Normandie, Anny Way, Scirocco e Meninusca. Alguns vieram sem barco como Bob e Isabel do Bicho Vermelho, Marçal do Rapunzel e outros sem rádio, como a Dona América.

O dia 19 amanheceu com céu azul, muito sol e festa desde cedo. Um farto café da manhã, oferecido pela TAM, era servido para todos e os membros do Afoxé Filhos de Gandhi espalhados pelo píer abençoavam os barcos para a quarta etapa até Cabrália. A baia de Todos os Santos ficou enfeitada pelas velas dos navios-escola, caravelas portuguesas (a Nau Capitania não deu as caras), os mais de 60 veleiros participantes desta etapa e outro tanto que vieram apenas participar da largada, que foi dada pontualmente as 13 horas, com vento leste de 10 nos e mar calmo. Nossos amigos do Taai-Fung e Yahgan decidiram ficar em Salvador e o MaraCatu seguiu velejando as 200 milhas até Cabrália. O vento leste acabou durante a noite e pela manha chegou um nordeste fraco que ficou constante ate' a manhã do dia 21, quando chegamos na baia de Cabrália que só é abrigada para ventos do quadrante Sul. A ancoragem estipulada pela Marinha era na praia dos Lençóis que tem ondas fortes e nenhuma infra-estrutura. Os mareantes, daqui e d'além-mar, foram salvos pela TAM que montou uma Vila Náutica com bar, banheiros, vários chuveiros e local para coquetel. Desembarcamos logo que chegamos para o café da manhã e o papo com a turma.

Próximo ao meio dia o vento nordeste foi apertando e a ancoragem foi ficando cada vez mais perigosa. Decidimos mudar para local mais seguro e fizemos contato pelo VHF com o Fabio Falcão, que estava a bordo do Josephina ancorado em Santo André, por dentro da linha de recifes que separa o Rio João de Tiba do mar, que prontificou-se a nos guiar barra a dentro. A barra é tranqüila, mesmo com vento nordeste. Logo depois já estávamos ancorados acompanhados de outros tantos barcos que também vieram se esconder por aqui. O vento nordeste combinado com a correnteza forte do rio por conta da maré vazando fez um salseiro na ancoragem. Os barcos começaram a rodar cada um para um lado. Teve barco amarrado a contrabordo, com as ancoras na água e com a proa de um para a popa do outro. O MaraCatu laçou a quilha com a corrente da ancora e foi se esfregar no Anny Way. Por sorte Raul e tripulação nos segurou enquanto Crespo com o super bote de inflar rodou nossa proa. Solução simples: âncora também na popa.

Na manhã seguinte recebemos a visita do Jurgen Lechte, um velejador alemão que após longos anos no mar, escolheu Santo André como porto e mora aqui desde 1983. Ele chegou perguntando se nosso barco era um Samoa 29, pois ajudou o casal Wilmar e Gina a comprar o Jornal (irmão gêmeo do MaraCatu, construído pelo Ricardo "Abelha"), e fizeram juntos o Caribe e EUA. Empatia instantânea, principalmente depois dele elogiar tanto o projeto do MaraCatu. Comentamos que gostaríamos de participar da Parada Naval da baia de Cabrália até Porto Seguro, prevista para as 13 horas, mas a maré estava baixa e já eram 11:30. Ele nos disse que não tinha o menor problema sair com esta maré e nos guiou barra afora. O Josephina e Anny Way aproveitaram a carona.

A parada foi muito movimentada. Tanto na água como no ar: vários helicópteros da marinha, um dirigível da Goodyear, esquadrilha da fumaça, até um jato da TAM voando baixo. Na água todos os barcos embandeirados, com motor e vela para vencer as quinze milhas contra um vento Sul fresco. Atenção os não iniciados na arte da marinharia, aguardem, estamos preparando um glossário. O vento é fresco não porque desmunheca mas sim porque é forte, assim como cabo não é a patente daquele menino chato do seriado televisivo Rin-tin-tin, em nautiquês são todas as cordas usadas em um barco, diz-se que a única corda que existe a bordo é aquela usada para enforcar quem chama cabo de corda.

A Nau Capitânia não apareceu, soubemos que ela estava a deriva na costa de Ilhéus. A caravela Espírito Santo, que custou menos de um sexto dos quase quatro milhões gastos nela e que foi feita em apenas 8 meses na Enseada do Suá, sob o comando do mestre carpinteiro Zé da Adega, navegava direitinho e a representou. 

Chegamos a Porto Seguro já no final da tarde e no meio de toda a confusão de barcos vimos o Josephina levantando panos para velejar. É que eles tinham ficado sem diesel. Voltamos e passamos um bujão de 20 litros para eles. Com a operação de reabastecimento no mar, cai a noite. Ótimo, teremos que investir o canal guiados pelas luzes de terra.

A caravela Espírito Santo estava na nossa proa levando Ricardo, nosso amigo da última estada por aqui, como piloto e ele nos disse para segui-lo, pois entraria até o canal de ancoragem. Seguimos a caravela e foi tudo bem até que ela parou em frente ao palco montado para a festa na Passarela do Álcool. Já noite ficamos no meio do canal, pelo menos a maré estava cheia. Helinho do Mantra que estava em terra com o Galileo e a Galileia nos guiaram através do VHF portátil. O rio Buranhém estava congestionado, barcos ancorados, amarrados a contrabordo de escunas, um furduncio danado como diria João do Yahgan.

Finalmente as 20 horas amarramos a contrabordo do Mantra, que estava a contrabordo do Galileo, que estava a contrabordo do Crisan, todos numa poita arranjada pelo Ricardo. Helinho veio nos buscar para assistirmos a "festa" de aniversário do Brasil, que acontecia dentro de uma área cercada por tapumes só para convidados, mas assim mesmo desfrutamos o belo e longo espetáculo da queima dos fogos. 

No dia seguinte resolvemos assistir a largada da quinta e última etapa da regata para o Rio. Mesmo no Mantra que só precisa de um metro e meio de água pra boiar não deu para sair da barra com a maré baixa. Nem nós nem um monte de barcos que iriam participar desta etapa, que acabaram largando apenas no dia seguinte. Com a cidade em festa e o sul fresco lá fora, ninguém reclamou. Quando a maré começou a encher, fomos fazer o track no GPS e a batimetria do canal. Entramos e saímos três vezes, a última delas rebocando o Meninusca que estava sem motor. Só encalhamos na primeira saída, com a maré enchendo e uma pequena ajuda da lancha da Náutica voltamos para o canal sem problemas.

Curtimos Porto Seguro por uns dias. Aproveitamos para rever os amigos Beto, Helo e Ricardo e visitar a parte alta e histórica da cidade que foi restaurada e está muito bonita. Fomos até Trancoso de saveiro, cortesia do Henrique da Cia do Mar. No caminho tivemos a mesma sensação que os descobridores tiveram ao navegar ao lado das enormes falésias amarelas.

No dia 26 de abril, acompanhados do Galileo e Mantra, ancoramos próximo a Coroa Vermelha onde estava sendo celebrada a missa de comemoração dos 500 anos da primeira missa no Brasil. A chuva era tanta que assistimos pela televisão de bordo com som ao vivo, Daniela Mercury cantando a Ave Maria. Mais uma vez a Nau Capitânia não apareceu e foi representada pela Espírito Santo. Encontramos o Jurgen, que também veio para a missa e aproveitamos para seguir com ele para Santo André.

Logo que chegamos por lá fizemos amizade com o casal Ana e Aloísio, donos do Restaurante Gaivota bem em frente a ancoragem. Deixávamos sempre o bote na rampa do restaurante que nos servia de apoio para banho, água, almoço, cerveja e muito bate papo. O Jurgen também deixou com a gente sua pastelaria, fechada no momento, para usarmos como apoio, além de deixar as portas da sua casa aberta para qualquer necessidade. 

Encontramos a Laurinda, velha amiga da Vila do Abraão na Ilha Grande (RJ) e que hoje mora por aqui. Visitamos sua bem transada casa e aprendemos com ela os segredos de uma boa caipivodka. Foi a partir de uma observação feita por ela que começamos a entender um pouco mais o jeito baiano de ser. Segundo ela, o baiano é descansado porque "não tem sentimento de culpa". Pode ser, diz a lenda que "baiano não nasce, estréia".

Na maré baixa, visitamos a ilha Paraíso, a poucos minutos de bote da ancoragem. Caminhamos com prazer nos manguezais que tem fundo de areia grossa em vez da incomoda e tradicional lama. É que a ilha está sendo assoreada. Provamos alguns dos 45 tipos de doces caseiros preparados e vendidos por seus moradores.

Quando não aparecia uma carona caminhávamos os 3 km até o terminal da barca para atravessar até Santa Cruz de Cabrália. A parte alta ou histórica da cidade também foi restaurada e de lá temos uma bela vista da região.

Visitamos a Coroa Vermelha. A antiga cruz de madeira que marcava o lugar onde foi rezada a primeira missa foi substituída por uma nova e monumental de aço inox. O exótico artesanato dos "herdeiros legítimos dos tupiniquins", os índios Pataxós, agora é vendido no recém inaugurado e horrivelmente nomeado Pataxopping.

Aproveitando a carona da Ana fomos até Belmonte, 50 km ao norte, na foz do Rio Jequitinhonha, aquele que nasce nas Minas Gerais. Belmonte, foi uma das mais importantes cidades no final do século XIX. Da época áurea do cacau ainda guarda marcas da imponência através de seus casarões. A especialidade do lugar é o guaiamum cevado, servido nas barracas da praia. Aprendemos com o Helinho como se come um guaiamum. No caminho para Belmonte conhecemos a foz do rio Santo Antonio e a praia de Guaiú onde se toma um banho de rio e se come um pitu com uma cervejinha gelada.

Fizemos um churrasco na Pastelaria do Jurgen que durou o dia todo. Alem de várias pessoas do local estavam presentes as tripulações do Galileo, Mantra, Recomeçando e Vmax. Percy tocou até tarde, acompanhado por todos.

Estava chegando a hora de ir embora. O Percy queria ir até Ubatuba com o barco para fazer a festa de São João e logo depois retornar para nos encontrar. Esperamos que o Galileo volte logo, pois o quarto mosqueteiro está fazendo falta...

No sexto dia de maio, MaraCatu e Mantra seguem então para Comandatuba, depois de um delicioso peixe grelhado com ervas gentilmente oferecido pelo pessoal do restaurante Gaivota como despedida. 

Com pouco vento e mar bem calmo seguimos velejando e motorando, chegando em Comandatuba pelas 6 da manhã com a maré alta, mas já começando a baixar. A barra lá é complicada mas o pessoal do hotel Transamérica veio nos buscar, com uma lancha enorme. De onde estávamos não conseguíamos ver a entrada da barra, apenas ondas quebrando por todos os lados. Perguntamos via rádio para o pessoal da lancha se tinha onda na barra e eles disseram para ficarmos tranqüilos, tem um pouco de onda mas dá pra entrar. A lancha chegou e começamos a segui-la, até percerber que ela entrou no meio da arrebentação, controlando seu rumo com os dois motores de bordo. Quando Helinho falou pelo rádio que não ia entrar, nós já estávamos na arrebentação e com menos de três metros de água embaixo da quilha. Percebemos imediatamente que esta barra não era para nós e demos meia volta com muita dificuldade, depois assistimos de longe e com alívio aquela seqüência de ondas maiores quebrando na barra. O pessoal do hotel, muito atencioso, ainda insiste para esperarmos a maré começar a subir novamente para entrarmos, mas resolvemos agradecer e seguir viagem para Ilhéus. Nossa que susto! Este foi, com certeza, o momento mais crítico de toda a viagem.

Motoramos até Ilhéus, pois o pouco vento que tinha era de cara. Pegamos uma poita do acolhedor Ilhéus Iate Clube no meio da tarde e reencontramos o Taai-fung que tinha ido nos encontrar. Nossos cicerones em Ilhéus foram Tarcisio e Mariana, amigos de João Pessoa e que moram por aqui. Nos deram apoio, jantar, mostraram a cidade e fizeram seus amigos nossos amigos. A noite, na beira da piscina tomamos duas garrafas de vodka (tem que ser Smirnoff!) fazendo caipivodka a moda da Laurinda.

Mantra seguiu logo para Salvador pois queria finalizar o primeiro trecho (Caravelas-Santo André) do Guia Náutico da costa nordeste que está preparando. Mara foi passar o dia das mães no Rio para rever a família e lamber a cria. Aproveitou para rever alguns amigos num almoço organizado pela Susy do Samba no Clube Charitas em Niterói. 

Helio ficou a bordo e aproveitou para curtir com Ivan e Egle a Vila do Engenho na margem do rio do mesmo nome. Vila de 250 almas onde tem uma igrejinha que dizem ser a segunda construída no Brasil (era a terceira, mas a segunda caiu). No terminal rodoviário ficamos sabendo que só tem ônibus direto de sexta a domingo, como era quinta tivemos que caminhar os últimos 8 Km. Na parada antes da caminhada tomamos uma cervejinha no bar de Zé do Bar que nos indicou seu irmão Lino como contato na vila. Almoçamos pitu com fruta-pão e resolvemos voltar de canoa. Lino, professor da escola local e nosso anjo da guarda, conseguiu uma canoa grande e lá fomos nós três com ele e um amigo remando, descendo o rio largo e bonito. Começou a escurecer e eles tomaram um atalho sinuoso onde as árvores do mangue formam uns túneis fechados onde só passa uma canoa. Com a maré baixa a canoa atola e temos de empurrá-la os últimos metros. Não fossem os mosquitos teria sido mais divertido. Desembarcamos num bairro barra pesada e nosso anjo da guarda resolve nos levar até o ponto do ônibus. Lá somos abordados por um negro alto e forte, jogador de capoeira, vestido com uma roupa camuflada, com um grande volume sob a camisa. Achamos que o cara estava armado, mas ele fez questão de mostrar sua "filhina mais nova", uma jibóia enorme toda enrolada entre a barriga e a camisa. Que dia proveitoso!

No sábado, Tarcisio e Mariana nos levaram de carro ao Ecoparque do Una, uma reserva particular, 40 Km ao sul, onde o charme é uma passarela suspensa na copa das árvores. A 20 metros de altura se tem uma visão da mata atlântica do ponto de vista de um pássaro ou de um macaco: por cima e por entre as árvores. A principal trilha do parque tem 2 Km de extensão e termina com um refrescante banho no rio Maruim, que apesar do nome não tem o famigerado mosquito. Como não é um zoológico, e sim um parque onde os animais vivem soltos, não tivemos a sorte de topar com um mico-leão-de-cara-dourada e muito menos com um macaco-prego-de-peito-amarelo, animais endêmicos desta região.

Quando Mara voltou fizemos um passeio de ônibus até Itacaré. Depois da experiência de Comandatuba resolvemos ir ver a barra de perto antes de entrar de barco. Itacaré, após o asfaltamento dos 65 Km de estrada, é o novo point do sul da Bahia. Sua geografia lembra o litoral norte de São Paulo, recortado e com baias cercadas de muito verde. Chegamos logo cedo, deixamos as mochilas na pousada Pirata's na praia das Conchas e pernas pra que te quero. São 15 praias em quase 40 Km. Apesar da insistência dos locais, recusamos um guia e investimos nas praias ao sul. A de Resende mais perto do centro, cheia de coqueiros; Tiririca ao lado, cheia de surfistas; Costa e Ribeira com água para banho e barzinhos a beira-mar e após uma hora de caminhada light, chegamos a Prainha, a mais virgem, bela e famosa. Infelizmente não fomos até Jeribuacu e Havaizinho, onde dizem as ondas são tão boas quanto em Pipa (RN). No pôr-do-sol estávamos na beira do Rio de Contas que nasce 400 Km sertão a dentro na Chapada Diamantina e desemboca aqui. A barra é tranqüila, tem calado e não tem onda quebrando, mas como não tem carta de detalhe é bom ter um guia local pois tem algumas pedras no caminho. O local para ancoragem é pequeno, mas vale a pena.

O tempo virou e ficamos em Ilhéus aguardando uma melhora. Chegamos a sair uma noite mas as condições não estavam boas e retornamos após 5 milhas. A turma do Ilhéus Iate Clube já brincava com a gente pois todos os dias nos despedíamos e no dia seguinte ainda estávamos por lá.

Enquanto esperávamos por uma janela no tempo (aliás, o que mais os marujos esperam, além de ganhar dinheiro para continuar a viagem é uma janela no tempo) curtíamos a tranqüilidade da cidade. Caminhávamos até o centro, passávamos num sebo de livros bem sortido, um sorvete vizinho ao Cine Teatro de Ilhéus, uma Pilsen Extra no Sancho Panca, comida típica no restaurante Equilíbrio, Internet, chocolate caseiro em frente ao Bar e Restaurante Vesúvio (recém restaurado, os donos querem arrendá-lo), a antiga Matriz de São Jorge dos Ilhéus de 1556, o Bataclan que começou a ser restaurado (Tarcisio diz que vai ser o primeiro bordel tombado pelo Patrimônio Histórico!), encontro com a turma no Sheik Bar na ladeira do Outeiro de São Sebastião de onde se tem uma bela vista da barra do antigo porto e dos ilhéus que deram nome a cidade (Marcelo, proprietário do Sheik e diretor de vela do Iate, nos conta que no mercado de 7 portas em Salvador tinha um dono de bar que jogava todo o resto das bebidas que ficavam nos copos em uma grande bacia e no fim da noite vendia, a 5 centavos o copo cheio, para os bêbados de plantão. É a famosa babadinha).

A tal janela só apareceu no dia 26 de maio, então seguimos direto para Salvador pois nossos amigos João do Yahgan e os três patetas, Zé Feliciano, Roberto e Manolo, nos aguardavam para uma excursão a Chapada Diamantina. Mas este será o próximo capitulo.