Passaram-se 16 anos, entre o surgimento da idéia de ter o
meu próprio veleiro e morar a bordo, até a conclusão do Polinésio e a
nossa mudança pra bordo, já no primeiro dia.
Num relato amador, despretensioso, mas certamente
empolgado, compartilho aqui - quase pessoalmente, com o leitor - o
desenrolar do projeto, da construção e da viagem do barco e da vida que
sonhei pra mim e pra minha família; comentando como viabilizei, a partir
da leitura de um livro, a construção de um
“iate”. E pude constatar que para viver a
bordo de um veleiro não se precisa de tanto dinheiro e glamour assim.
Já pintor e escultor profissional, no início dos meus
trinta anos, comecei a navegar em veleiros de oceano como aprendiz,
tornando-me mais adiante marinheiro, imediato e capitão. Trabalhei muitos
anos como skipper, fazendo dellivery pela costa brasileira.
Frequentando estaleiros e prestando serviços de
construção, manutenção e reforma em diversos veleiros, passei a construir
esculturas-catamarans e tornei-me também construtor naval. Aprofundando o
estudo dos catamarans, acabei recentemente enveredando pelo caminho do
design e projetando o meu próximo barco.
Entre 1999
e 2000, no fundo do meu atelier de esculturas, em Recife, construí o
catamaran “Polinésio”, um projeto Tiki 21’, em compósito de madeira/fibra
de vidro/epóxi.
Neste barco, com a esposa Dandô e o filho Pedro moramos há
nove anos. E nele navegamos de Recife a Paraty. Percorrendo mais de 2000
milhas náuticas e fazendo escalas em mais de cinqüenta pontos da costa
brasileira.
A mudança pra bordo trouxe-nos uma melhoria significativa
na qualidade de vida, ao passo que assumíamos um estilo de vida ainda mais
alternativo e passamos a viver realmente juntos, 24 horas por dia; no mar!
E passamos a ter tempo para nós e para ver o nosso filho crescer. E
liberdade pra escolher os clientes, as mais belas paisagens, os melhores
vizinhos!
Com a mudança frequente de endereço, a escola, o atelier e
o estaleiro passaram a ser no próprio barco, incrementados com a Internet
a bordo.
A educação do pequeno Pedro é ministrada a bordo por nós.
As aulas às vezes acontecem na praia ou no próprio local dos
acontecimentos históricos, sociais, geopolíticos que estão sendo estudados.
Trabalhamos por temporadas nos portos que gostamos e
queremos conhecer mais.
Acreditando que podemos realizar nossos sonhos, com
perseverança, construímos nosso próprio barco e mudamos nossas vidas. 10
anos depois, estamos começando a construção de outro catamaran, agora com
34 pés.
Um veleiro para ir mais longe!
A viagem continua... |