Ancorado ou atracado

 

 
 

Mesmo sem fazer comparação  entre as modalidades regata ou cruzeiro, tenho observado que no meio náutico cruzeirista, existem tipos diferentes de tripulantes.
Há aqueles que são o que chamo de ancorado, na maioria das vezes procuram um lugar abrigado e sossegado para jogar âncora, gostam de estar a bordo, não sentem a necessidade de desembarcar imediatamente após a manobra de ancoragem, e as vezes ficam dias sem por os pés em terra firme, basta ter uma boa água pra nadar e se refrescar.
Já os que preferem ficar atracados a um pier, adoram gente, movimento e precisam por os pés na terra exatamente um minuto após ter amarrado a última amarra do barco; ou mesmo quando não há pier e a opção é ficar ancorado, a segunda coisa que fazem depois de ancorar é pegar o bote e ir pra praia, gostam de caminhar, explorar tudo em volta e geralmente em poucas horas já conhecem tudo e se entediam com o lugar, tem sempre que buscar novos estímulos, outras praias, vilas ou coisas extremamente interessantes para fazer.
Mas confesso que tanto eu como a maioria das pessoas que conheço oscilam entre essas duas modalidades, dependendo do dia, do humor, coisas da natureza humana.
E finalmente há aqueles que se não desembarcam todo dia, não pisem em terra, se sentem presos, em cárcere privado, ficam de péssimo humor e insuportáveis, ai sim começam a trazer problemas para o convívio a bordo.
Se temos um tipo desse como hospede ou tripulante é melhor delegar funções externas, como buscar água, fazer compras, levar o lixo para terra, embora ele faça cara 'de sempre sobra pra mim' no fundo ele ficará agradecido de desembarcar mesmo que por pouco tempo, e pra quem fica a bordo também é muito bom por que alivia as tensões.
Tudo isso que estou falando não é julgando um modo ou outro como certo ou errado é só identificando as pessoas que vejo ou convivo nos meus trabalhos e viagens embarcadas, mais uma forma de aprender a lidar com as diferenças e fazer o clima a bordo mais agradável e tranqüilo.
E temos ainda o tipo que sabe tudo, tem opinião sobre tudo e... deixa pra lá isso vai render muito assunto, muitas linhas e algumas auto-críticas; e naturalmente um novo texto é claro.

Bons ventos

Christina Amaral

 Setembro de 2008, Ereikoyssa, Grécia

Ainda no mesmo tema o texto  Permissão para embarcar