01 de Outubro de 1998

Partimos pela manhã, aproveitando o anúncio de tempo bom. O vento era de sudeste, seguimos rumo a Fiji. Foi uma ótima semana de velejada, como há muito tempo já não tinhamos. Boa pescaria, e mar tranquilo. Quando atravessamos a linha internacional de data, longitude 180° , fizemos um agradecimento, comemoramos e adiantamos um dia em nosso calendário.

Entramos no Arquipélago de Fiji pela passagem de Nanuku e cruzamos todo o mar Koro passando por grupo Lau e ilhas Exploring. Foram 200 milhas até chegarmos a Capital de Fiji, Suva, sempre navegadas com muita atenção devido as centenas de ilhas e recifes fazendo parte deste grande arquipélago. Pela primeira vez em todo este tempo navegando, fizemos uma entrada num porto desconhecido a noite. Avistamos Fiji ao anoitecer, e enquanto isto estavamos decidindo se fariamos ou não a entrada a noite. Bem, tinhamos as cartas, e alguns guias que nos informavam que a entrada para o porto de Suva era bem sinalizada, o que mais tarde descobrimos como estavamos enganados. Fomos nos aproximando devagar, tentando identificar as luzes de sinalização para a entrada do porto, e como "a noite todo gato é pardo", não conseguimos identificá-las contra o clarão das luzes da cidade, estava complicado, toda a costa que segue para a entrada é uma barreira de coral que deveria estar sinalizada com as luzes de aproximação e demarcação do canal, verde e vermelha, avistamos então as luzes de alinhamento em terra e seguimos adiante por elas, confiantes no rumo de leitura da carta. A medida que iamos nos aproximando, ouviamos o mar quebrando nos corais. Sempre alinhados com as luzes. De repente começamos a avistar as outras luzes vermelhas que marcavam os canais já dentro do porto, e luzes brancas marcando perigos isolados, mais nada marcava o canal entre os recifes. Quando ancoramos já era 01:00 hora da manhã. Ainda bastante tensos, ficamos observando os erros naquelas sinalizações, o que viemos confirmar depois quando soubemos de vários incidentes ocorridos com outros veleiros.

Fiji , ótimo ponto de encontro dos velejadores. A estação vai chegando ao fim e todos aqui vão decidindo que rumo tomar para ficar safo nas estações dos ciclones. São muitas as opções como: Nova Zelândia, Austrália, Indonésia, seguir para o Pacífico Norte, etc… e Fiji além da beleza do arquipélago, seu povo é hospitaleiro, os preços são acessíveis para todos que precisam abastecer o barco, fazer algum reparo, tornando-se assim uma escala quase obrigatória.

Todos os barcos ancoram em frente ao Iate Clube Royal Suva, lugar determinado pelas autoridades como sendo a ancoragem permitida neste porto para pequenas embarcações. Todos fazem um registro na chegada junto ao Iate Clube, onde se paga uma pequena taxa com direito a usar das facilidades do clube. Lugar preferido dos velejadores para um bate-pago e a troca de informações sobre as próximas pernas. O clube organiza muitas regatas para os locais, podendo participar os que estão no caminho.

Comparamos Suva com o Panama e Trinidade no Caribe onde muitos barcos procuram tripulação para fazer as travessias. Estiveram a bordo os franceses do veleiro La Buse do Dionis e Mireille, que já tinham velejado pelo Brasil. Nos ofereceram cartas de detalhes de Nova Caledonia, exatamente o que precisavamos para entrar pela passagem de sudeste da ilha, diminuindo o percurso até o porto de Noumea.

Gostariamos de ter podido ficar por mais um tempo neste arquipélago, mas tinhamos certeza que seria preciso uma estação inteira para se conhecer um pouco mais deste belíssimo lugar.

Próxima escala, Nova Caledonia !!!.