A volta para casa

Boa tarde a todos,

Parece que foi ontem, mas já está fazendo 17 dias, desde que soltei as amarras, e vagarosamente eu o meu valente veleiro CAROLL nos fizemos ao mar, deixando para trás a elegante baia de Cape Town, emoldurada pela montanha da mesa, a mundialmente famosa “TABLE MOUNTAIN”. Ao sair fora da proteção do quebra mar içamos as velas mas não havia vento suficiente. Continuamos com o motor ligado esperando que logo chegasse o vento para enfunar as nossas velas, permitindo desligar a maquina, nos tirando da tortura que o seu ruído impõe aos nossos ouvidos. Falei no rádio VHF com o Catamaran de 43 pés que também rumava para o Brasil, via ilha de SANTA HELENA, levando a bordo nada mais nada menos que o experiente escritor e velejador MARÇAL CECCON. Através do VHF me informaram que estavam a 15 milhas da baia e já haviam desligado o motor e estavam velejando a 9 nós rumo noroeste. No final da tarde velejando a 8 nós, via a TABLE MOUNTAIN, desparecendo no horizonte, no peito meu coração que pulsa há 62 anos, batia forte, como se quisesse assimilar o som dos tambores de nossa querida pátria. Finalmente chegara a tão sonhada e esperada perna, que levaria eu e meu amado veleiro, de volta as terras brasileiras.
Os dez dias subseqüentes foram de muito vento e mar, fazendo com que batêssemos recordes de singradura, quando atingimos média diária de 170 milhas marítimas. Os dias e as noites ainda eram frios, tinha que usar calça comprida, camiseta com um pulôver por cima, e logo que anoitecia um casaco de tempo. Mesmo assim nada tirava meu entusiasmo, cantarolava durante o dia, e a noite curtia saudade ouvindo musicas do Ipod, com mais de 2.500 musicas gravadas.
Logo depois que atravessamos o meridiano de GREENWICH a temperatura começou a aumentar e o vento a diminuir, fenômeno que encontraríamos nas 1200 milhas seguintes. Aproveitei os dias calmos para ler, e as noites tépidas para refletir, ouvir músicas. Deitado no convés olhava para as estrelas que faiscavam no céu, incrível beleza, enchendo de felicidade meus olhos e meu coração. Nesses momentos ao lembrar-me dos meus entes queridos, que já estão em outra dimensão, faziam com que lágrimas rebeldes rolassem pela minha face, enchendo de paz a minha alma.

Agradeço a todos que estão enviando email ao blog. Em breve estarei respondendo a todos.

Muito Obrigado.

Até a volta com a permissão de DEUS NOSSO CRIADOR.

Marinheiro Raimundo

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4 respostas a A volta para casa

  1. Luis Eduardo disse:

    Caro Raimundo,

    Descobri seu blog à mais ou menos 6 meses e quando vi a rapidez que voce estava dando a volta ao mundo fiquei ao mesmo tempo surpreso e muito orgulhoso do seu feito. Também vou fazer o que voce fez, um pouco mais calmo mas chegarei lá.

    Parabéns e se passar pelo Rio, mande um e-mail que te encontro.

    Abraços,

    Luis Eduardo

  2. Raimundo Bezerra disse:

    Oi Xara,

    relatos como esse me fazem ter mais certeza das coisas que penso em realizar um dia, comprar meu veleiro e sentir o vento bater nele…
    Parabens pelas conquistas…

    73

  3. Cabinho disse:

    Oi Raimundo
    Você pegou a alta mais ao sul do que quando fiz esse percurso. Sorte, né? Sua viagem ficou mais curta.
    Tive que rumar quase para norte para pegar vento de novo, mas onde você está agora o vento então já tinha se firmado. Agora estáfaltando bem pouco, não é?
    Boa sorte, amigo.
    Cabinho

  4. Alexandre disse:

    Caro Marinheiro Raimundo,

    Sua narrativa emocionante e vívida faz-nos vivenciar o momento com você.

    Obrigado por dividir!
    Que sua chegada seja tão aconchegante quanto estes momentos em mar aberto!

    Abraço fraterno de um leitor e torcedor,

    Alexandre

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