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Caribe 2006/2007 |
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28 mar 2007 - 00h12 No caminho de casa O KaKa-MauMau chegou ao seu destino e ficará em Porto Rico por mais um tempo. Agradecemos ao Comandante Fernando a oportunidade de navegar pelo mar do Caribe em um barco tão seguro e confortável. Sentiremos falta dos bons momentos passados juntos (você sabe, todo comandante é um déspota, o nosso pelo menos é esclarecido :-) Depois de 15 países e pouco mais de oito meses fora, estamos voltando para o MaraCatu. Com toda essa maratona, é justo pelo menos uns dias de férias. Escolhemos o aconchego do Tio Márcio e da Flavinha, em Miami, para o merecido descanso. Desembarcaremos no Rio de Janeiro no dia 4 de abril.
11 mar 2007 - 14h25 As Virgens Espanholas Depois de vagabundear quase 10 dias com as Virgens Britânicas, chegamos em Culebrita num belo domingo de sol. A pequena ilha (na foto à direita), faz parte de um parque nacional e é ponto de desova de tartarugas. Uma praia de areia branca, água cor de gin (ou rum, já que ainda estamos no Caribe), deserta de moradores, com alguns veleiros ancorados e lanchas, muitas lanchas. Lembrou a Praia do Dentista na Ilha da Gipóia lá em Angra dos Reis. Apesar da bandeira americana em quase todas os barcos, dá para notar que corre sangue latino nas veias desse povo. As pessoas se agarram, dançam coladinhas, o cheiro do churrasco é delicioso e o barulho das músicas em ritmo de lambada é ensurdecedor. No final da tarde quase todos foram embora e a silenciosa enseada ficou só pra gente. Na manhã seguinte, depois de ajudar o comandante a limpar a linha d'água do Kaka-Maumau, fizemos uma trilha até as praias do outro lado, subimos no morro do farol e Mara tomou um relaxante banho de Jacuzzi (uma piscina formada entre as pedras com uma abertura para as ondas do mar). Tivemos que fazer uma parada na ilha de Culebra para fazer os papéis e dormimos uma noite na protegida Ensenada Honda. No dia seguinte motoramos em um lago cercado por arrecifes até a Ilha Palominos (foto ao lado), de onde avistávamos Porto Rico e o imponente morro El Toro no parque nacional El Yunque onde está a única floresta tropical dos Estados Unidos. Agora estamos na Marina Puerto del Rey perto da cidade de Fajardo. Apesar de ficar longe de tudo, é a maior marina que já vimos: são 1100 vagas molhadas e outras 1000 em seco, três travelifts (um deles de 165 toneladas com 32 pés de boca), um píer central de mais 500 metros (como um mastro com sete pares de cruzetas) que de tão grande tem serviço de transporte 24h em carrinhos de golfe. Depois de três dias dando uma merecida geral no Kaka-Maumau (acho que baixou o santo dos Blumers no comandante, na limpeza se usou até escovas de dente!), fomos passear nos arredores. Além dos shoppings de praxe, passamos uma tarde de domingo zanzando por Old San Juan, uma cidade militar espanhola toda murada. Andamos, desviando de trocentas famílias empinando papagaios, até La Punta onde está o forte El Morro, passeamos pela The Wall (lembrei do Pynk Floid), fomos a La Fortaleza e passamos pela Casa Blanca. As ruas estreitas com lojas, bares, restaurantes e casas residenciais antigas e bem cuidadas lembra vagamente o Pelourinho em Salvador. Na foto o cemitério de Santa María Magdalena com o farol e o forte ao fundo. A capital San Juan nos surpreendeu. Várias marinas pontilham o entorno da Baía de San Juan. Contamos mais de 6 navios nos vários terminais turísticos. A loja náutica já é padrão USA, como também a de computadores que tem até USA no nome. Uma loucura, temos que nos segurar para não comprar todas as promoções. Acho que Mara está viciada em Walgreens, não pode ver uma que pede para entrar. É uma rede de farmácias que vende um monte de bugigangas e até cigarro pelo módico preço de US$4,50 a carteira!
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16 mar 2007 - 18h12 As Virgens Britânicas Uma virgem, hoje em dia, é uma coisa rara de ver. Mas por conta do GPS achamos algumas no mar azul do Caribe. Quando Colombo aqui chegou, lá pelos idos de 1943, aportou na Ilha de St. Croix que nos tempos modernos, junto com as outras ilhas que formam as Virgens Americanas, foram compradas dos Holandeses por alguns milhões em ouro. Ele batizou o arquipélago de Ilhas Virgens em homenagem a Santa Úrsula e suas 11 mil virgens. Depois, por conta de um vento contra (você sabe, caravela não orça), foi dar com os costados noutra ilha que ele chamou de Virgem Gorda e que hoje faz parte das Virgens Britânicas. Um país que usa o dólar como moeda, onde se dirige na mão inglesa com o volante do carro no lado direito (deve ser difícil ultrapassar outro veículo) e que vive basicamente do turismo. Pegamos uma poita do Bitter End Resort no Gorda Sound (foto ao lado). É uma grande e bem protegida baía no lado norte da Virgem Gorda, com pelo menos quatro boas ancoragens. Um lugar para ficar pelo menos três dias. O resort fica aberto e disponível para os cruzeiristas. Zanzamos por todos os lados, a pé e de bote, relaxamos nas espreguiçadeiras da praia e encerramos o expediente botando a correspondência em dia graças à gentileza de um hóspede que nos forneceu a senha de acesso à Internet WiFi. O comandante, com a agonia que lhe é peculiar, resolveu dormir em Spanish Town para fazer os papeis no outro dia bem cedo. Não tem nada além de uma marina. Passamos a noite cuidando de um enorme rebocador amarrado na poita ao lado. Depois seguimos para as praias de The Baths e Devil no sul da ilha. Duas pequenas enseadas cercadas de enormes pedras de granito que formam verdadeiras piscinas. Uma trilha une as duas praias. Parece um labirinto com estreitas passagens (nos perdemos na primeira vez), algumas cavernas e várias piscinas cristalinas. Dormimos numa poita do parque, junto com pelo menos outros oito barcos. Rumamos para a ilha de Tortola. Em Trellys Bay comemoramos o aniversário de Fernando com um saboroso almoço a bordo. À esquerda, nosso comandante no vigor dos seus sessenta e pouquinhos anos, com um lambí na mão (e pensar que comemos o estranho molusco que mora nessa concha). Em Marina Cay Hélio descobriu e se deliciou com o famoso British Navy Posser's Rum, "O single malte dos runs e o pai do grog". Grog era a dose diária de rum servida aos marinheiros ingleses, principalmente antes das batalhas. Reencontramos a tripulação do Rose Rambler em Peter Island e fizemos o melhor happy hour de toda a viagem. Tarde da noite e o papo rolava solto. A novidade foi o convite para o casamento de Tim e Joanna. Normam Island, ao lado, não poderia ficar de fora. Com suas cavernas e supostos tesouros piratas, inspirou Robert Louis Stevenson a escrever A Ilha do Tesouro. Não achamos nenhum tesouro, mas vimos o bar flutuante de William Thorton. No caminho para a ilha de Jost Van Dike paramos na marina mais charmosa das Virgens. A Soper's Hole Marina (na foto à direita) parece umas casinhas de bonecas, cada uma pintada de cor diferente, tudo muito limpo e organizado. No caribe só da para a gente ir a um bar na hora do happy hour, quando se paga um drinque e bebe-se dois e normalmente com Internet WiFi livre. Aqui não foi diferente: a porção de buffalo wings (asa de galinha) foi a melhor que já comemos, a marguerita estava frozen e deu até para falar no Skype antes do som ao vivo começar. Esse arquipélago, que alguém já definiu como "o lugar no meio do caminho para qualquer lugar", parece que foi criado especialmente para o cruzeirista. Dezenas de ilhas muito próximas umas das outras, muitos fundeios e um mar que mais parece um lago de tão protegido. Ainda tem resorts, lojas, restaurantes e bares em abundância e quem chega de barco é sempre bem recebido. A administração do parque nacional disponibiliza poitas em quase todos os fundeios e só é cobrado o pernoite (US$ 25,00). Parece um enorme playground aquático dos americanos.
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03 mar 2007 - 21h12 St. Maarten, Anguilla e St. Barth Três ilhas, quatro países e menos de 20 milhas entre eles... Tentaremos descobrir um pouco do que elas têm de bom. Saímos do Simpson Bay Lagoon pela ponte do lado francês, depois de pernoitar na Marina Port la Royale que é cercada de bares e restaurantes, bem no coração de Marigot. Amarramos o Kaka-MauMau num píer e enquanto o comandante ia à cata de informação chegou o gerente (dock master). Depois de um dedo de prosa e uma dose de caninha paraibana, ele nos convida para ficar de graça. O happy hour de queijos e vinhos (franceses é claro) foi até tarde. Bel e Bob vieram de dingue, que é o meio de transporte mais rápido e prático nessa lagoa. Tínhamos um roteiro básico que foi se adequando aos gostos e vontades da Dona Nina e Karina, que só tinham dez dias de férias. Fomos direto para Anguilla, uma ilha pequena, baixa, cercada de praias de areia branca e inúmeros recifes, tudo protegido por um parque nacional. Ancoramos em Little Bay para um mergulho e dormimos em Sand Island, que como o nome diz é um punhado de areia e coral, no meio de um mar azul turquesa (foto ao lado). Sabe aquela imagem que nos vem à cabeça quando sonhamos com uma ilhota caribenha? Depois de tanta natureza, nada melhor do que um pouco de civilização. Ancoramos em Gran Case, o centro gastronômico de St. Martin. Festa de rua com barracas de comidas e artesanato por todos os lados, música ao vivo em cada esquina e o famoso barbecue, com seu cheiro e fumaça característicos. Decidimos experimentar o tradicional crepe francês. Uma grande decepção (também, a dona do boteco era portuguesa!), devíamos ter escolhido o churrasco de costelinha de porco que foi a pedida da família Kaka-MauMau. Voltamos para a natureza e o naturismo. Visitamos a ilha de Tintamare e a praia de Orient Bay, dois lugares perfeitos para esportes aquáticos. Os naturistas, ou melhor dizendo, os pelados, adoram essas praias. A baía de Colombier, ou Anse du Grand Colombier (na foto ao lado), pertence à reserva marinha de St. Barths. Não possui acesso por terra e a única casa existente foi construída pelos Rockefellers, antigos donos da enseada. Além dos mergulhos na água cristalina (Fernando diz que viu um tubarão dos grandes), fizemos a trilha Sentier des Pêcheurs até a vila de Anse des Flamands. Qual não foi a suprêsa ao ver estacionado um autêntico bugue BRM, aquele jipinho construído no Brasil. E mais uma vez estávamos no pequeno e charmoso porto de Gustavia. Exploramos melhor o waterfront com suas marinas e superbarcos, andando com cuidado entre os trocentos mini-carros e as scooters em disparada, olhamos as lojas de grife, subimos no morro do farol para ver o pôr-do-sol (foto ao lado) e enquanto esperávamos a família KaKa-MauMau fizemos um pick-nick de vinho e queijo de cabra no banco da praça (bem francês, né?). De volta a St.Maarten fomos direto para Philipsburg, a capital do lado holandês. São duas ruas cheias de lojas de eletrônicos, jóias, cigarros e bebidas. Aqui também é um porto livre. Foram alguns dias pesquisando, olhando, babando e comprando algumas coisinhas. Em Simpson Bay vivemos um pouco da vida náutica local. Muitas marinas, algumas lojas náuticas e muitos brasileiros (almoçamos feijão no Beetoven enquanto lá fora caía a maior chuva). Mas o que mais se vê é mega-iate. Para se ter uma idéia, o barco de 105 pés que o Pedrão acabava de trazer de Miame, parecia pequeno perto dos outros. O maior deles era o veleiro Maltese Falcon, com seus parcos 280 pés (uns 88 metros) e três mastros parecidos com os do Paratii. O número de pessoas circulando é enorme, grande parte são "crew", ou tripulantes, dos mega-iates. Uma profissão nova que emprega gente bonita e que agita nos happy hours.
Chegamos hoje na Virgem Gorda, a primeira das Virgens Britânicas. A lua, que deveria nascer cheia, apareceu com um tapa-olho. Um eclipse inesperado! Depois, um demorado show de fogos de artifícios. É a full moon party, uma tradição nas Ilhas Virgens.
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10 fev 2007 - 15h12 St. Maarten - A Ilha Amigável
Depois de Le Marin seguimos para a baía
de Fort de France e ancoramos entre três ilhotas em frente a uma
vilazinha chamada, adivinhe..., Trois Ilets. É um charme, casas
coloridas com telhados de "escama de peixe" (um
auto-retrato, na foto ao lado). Aqui nasceu Marie-Joséph-Rose de Beauhar, mais tarde a primeira esposa do
imperador Napoleão Bonaparte. E lá fomos nós à procura do museu de
Josephine. Mais de dois quilômetros caminhando (só para ir) e não achamos! Depois paramos em Point-a-Pitre. Pegamos uma bóia da marina Bas-du-Fort, que recebe a regata Route du Rhum. É emocionante ver os barcos personagens dos eventos que acompanhamos pela mídia, como o Mari-Cha e o trimarã batedor de recordes Geronimo. Nosso último porto em Guadaloupe foi Deshaies (se pronuncia Dêé) de onde rumamos para Antígua. Quando estamos entrando em English Harbor escutamos em bom português "Vão ancorar aqui? Tem um bom lugar no fundo da enseada". Era o Geraldo do veleiro Alma, que já conhecíamos de uma Refeno (enxugamos uma garrafa de Carvalheira no Baladero junto com Teco). Respiramos história em English Harbour (foto ao lado), um verdadeiro abrigo para furacões, ou hurricane hole como se diz em inglês. Ancoramos no Nelson's Dockyard, onde o almirante, e lenda da esquadra inglêsa, Oratio Nelson tinha sua base antes da batalha de Trafalgar. Em Falmouth, a enseada ao lado, também vimos algumas máquinas de regatas e monstros à vela como o Mirabela V com seus parcos 74 metros de comprimento (notem o tamanho de Mara ao lado do veleirinho). O lugar mais chique que passamos foi St. Barthelemy, St. Barth para os íntimos, um porto livre desde o século 18. Passeamos entre as casas de telhados vermelhos de Gustavia sentindo o clima da Cote D'Azur caribenha. Uma vila voltada para o rico turista americano. Agora estamos em St. Maarten, no lado holandês da ilha, na Lagoon Marina. A curtição é o happy hour no bar Soggy Dollar (cerveja Presidente a 1 dólar), onde encontramos os vários brasileiros que estão por aqui. A comissão de boas vidas não poderia ter sido melhor. Bob e Isabel do Bicho Vermelho, como fizeram em Cabo Frio em 1999, nos receberam com carinho. Foram lá fora de dingue debaixo de chuva, depois da ponte, e nos guiaram até o lagoon. Depois encontramos Marcelo e Maura do Beethoven (que não víamos desde 2003), conhecemos Coi do Brasilian Nuts e Todo Duro nos apresentou à tripulação do Ondine. A tripulação do Kaka-Maumau aumentou com Dona Nina e Karina, esposa e filha de Fernando. Passaremos fevereiro navegando com elas entre Anguilla, St. Maarten e St. Barth. Apenas 20 milhas separam uma ilha da outra. Teremos tempo para descobrir tudo que elas têm de bom. A festa de aniversário do Hélio vai ser na caravela Santa Clara (construída em Valença, na Bahia, daqui segue para fazer charter nas Ilhas Virgens), com direito a feijoada e muita cachaça. Afinal, não se faz 50 anos duas vezes na vida.
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28 jan 2007 - 10h12 Martinica, a Ilha das Flores Estamos em Martinique, um pedacinho da França nas ilhas do Caribe. Na chegada em Cul-de-Sac du Marin, no lado Sudoeste da ilha, passamos no meio de uma regata de Yoles. O yole é um barco local de madeira, com uma proa reta e que carrega uns 12 homens dependurados fazendo escora para compensar o tombo de uma enorme vela retangular. De longe parecia uma parede de panos coloridos, como as velas dos saveiros de içar da Bahia mas sem a carangueja. Mudou tudo: agora a língua é o francês, o dinheiro é o euro, o rum é agrícola, o pão é a baguette e a cerveja custa 2,50 euros! Em Rodney Bay, ainda em Santa Lúcia, encontramos Átila, Lourdes e Rolim que velejaram de Recife trazendo um barco. Eles nos convidaram para comer um feijão com carne-de-sol. A carne, que era fresca, ficou no sol os 14 dias da travessia e estava uma delícia. Passamos a tarde da sexta-feira juntos jogando conversa fora e contando muitos causos. À noite fomos todos conhecer a "jump-up", uma tradicional festa de rua em Gros Islet (que traduzindo é Ilha Grande). Muitas cervejas Piton, rum punch e barraquinhas vendendo as comidas locais e churrasco (como se come frango nessas ilhas!). Na foto ao lado, Gregory enfeita seu pitoresco barco-fruteira com a bandeira do Brasil que ganhou de Mara. Ainda nessa semana passaremos pela capital Fort-de-France e os próximos portos serão Dominica, Les Saintes e Guadeloupe. Esperemos passar o aniversário do Hélio, no dia 10, em Saint-Martin.
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25 jan 2007 - 20h17 A Helena do Oeste Estamos em Sta. Lúca que é conhecida como a "Helen of the West" (uma referência a lendária beleza de Helena de Tróia) numa charmosa baía chamada Marigot Bay. Só agora alcançamos o meio do cordão de ilhas que forma o Caribe. A chegada não poderia ser mais encantadora: uma poita colada no píer de desembarque, em vinte metros de fundura, entre Os Pitons - duas majestosas montanhas que nascem no fundo do mar e sobem mais alto que o Cristo Redentor. É uma praia de pedras redondas onde as pequenas ondas fazem um barulho característico quando a água volta para o mar, com uma enseada de areia branca no fundo onde tem um hotel. A um pulo de bote tem a vila de Sufriére com suas casinhas centenárias feitas de madeira. Um pôr-do-sol estonteante. Tudo vermelho por quase uma hora depois do sol ir se banhar nas águas calmas do Mar do Caribe (ainda não vimos o tal do green flash). O I Dolphin Rally depois de passar por Union Island e pelo imperdível Tobago Cays, fechou com chave de ouro com uma velejada até o pôr-do-sol dos quatro barcos lado a lado na entrada de Admiralty Bay na ilha de Bequia.
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I Rally Cabedelo - Caribe
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4 jan 2007 - 16h37 Trinidad e Tobago. Duas ilhas, um só país
Trinidad é um bom exemplo do que poderia ser feito no Brasil pela indústria náutica: são marinas, grandes pátios para obras/guarda, muitos prestadores de serviços, lojas e trocentos cruzeiristas em trânsito. Enfim, um ambiente náutico como nunca tínhamos visto antes. Fizemos as 59 milhas que separam as duas ancoragens em oito horas, numa velejada tranquila com vento pela alheta. Na tarde do dia 11 de dezembro ancoramos em Scotland Bay, uma pequena baía logo depois de passar pela Boca do Mono, no lado norte de Trinidad. É uma ancoragem serena, com águas claras, tartarugas, a mata chegando na água, sons de muitas aves e frequentada pelos cruzeiristas de fora e os velejadores locais.
Chaguaramas, o coração náutico de Trinidad, é uma verdadeira cidade estaleiro. Tudo começou com a coragem de Donald Stollmeyer em comprar um travel lift para a marina Power Boats e oferecer um bom serviço aos barcos estrangeiros. É uma delícia ficar zanzando pelas marinas, seus barzinhos e lojas (a Peake Marine tem um travel lift para 150 toneladas!). Um programa obrigatório é acompanhar a Chaguaramas Cruisers Net, às 08h00 no canal VHF 68. Ficamos sabendo da previsão do tempo, quem chegou ou está indo embora, dos eventos sociais, escambos e muito mais. Se você necessita condução para ir ao cinema, curtir a noite em St. James ou fazer compras é só combinar com Jesse James, o motorista dos cruzeiristas. Num domingo fomos todos passear até Chacachacare onde Jean nos serviu um autêntico talharim carbonara. A ilha era usada como um leprosário e foi abandonada depois que se descobriu a cura da doença. Era tão movimentada que tinha até um sinal de trânsito, hoje as casas estão em ruínas. Passamos as festas de fim de ano no TTSA -Trinidad & Tobago Sailing Association. É tipo um clube dos velejadores locais muito bacana e fica na baía de Carenage. Estamos a uma pequena caminhada de Chaguaramas e a 15 minutos de ônibus da capital Port of Spain. O Kaka-Maumau fica numa poita (na proa e na popa como os outros barcos) e em terra temos todas as facilidades de um clube (piscina, restaurante, bar) mais Internet Wi-Fi na varanda e máquina de ficha para lavar roupa. Aqui um dia chove e no outro também (a temporada seca só a partir de janeiro). Para quem gosta, aí vão as informações finais: Na foto ao lado, a tripulação do Kaka-MauMau no I Rally Cabedelo-Caribe (da esquerda para a direita): Hélio, Mara, Fernando, Beta e Bernardo. Desde o dia 8 de novembro, quando saímos de Cabedelo, percorremos 2211 milhas em 13 dias de navegação, a velocidade média foi 7 nós. Além da Coca-Cola, gasolina a TT$2,60/litro e diesel por TT$1,50/litro são mais baratos que no Brasil. Água para abastecer o barco custa TT$0,30/galão. O TTSA cobra US$ 240/mês por uma poita ou US$160 para quem fica na âncora. O número de barcos estrangeiros que passam por Trinidad no fim da temporada chega a 1800, sendo 1000 habitados. Esse número tem crescido na ordem de 30% ao ano. Desde julho de 2006 quando saímos da Marina Brachuy, em Angra dos Reis, já navegamos 4130 milhas. |
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12 dez 2006 - 17h07 Tobago, o inicio do Caribe Tobago, apesar de viver do turismo, ainda não acordou para o turismo náutico. Não existem marinas, píer para desembarque, banho e outras mordomias que cruzeirista sempre procura quando chega de vários dias de mar. Facilidades para abastecimento de água e combustível só no porto da capital Scarborough. Chegamos pela manhã em Store Bay, no lado oeste da ilha. A paisagem lembra a região da Ilha Grande em Angra dos Reis. São pequenas praias, a mata se debruçando sobre o mar, altas montanhas e rios com cachoeiras. Mas em terra, tudo é novo e diferente: um país super colorido, negros altivos com cabelos exóticos, um inglês difícil, carros no lado errado das ruas, uma comida condimentada e picante e um atendimento, em alguns casos, que chega a ser grosseiro. Que alegria, a flotilha junta novamente. O Bago's Bar, no final da praia, passa a ser a nossa base. Foi emocionante assistir a chegada do Beduína e depois do Cavalo Marinho (que desde Natal conta com o reforço da tripulação do Fandango), completamente felizes com a realização do sonho. Hugo estava tão feliz que nem se importou de pagar "overtime" pelas taxas de entrada no país, ele estava louco por um carimbo no passaporte! Para abastecermos de água, fiz viagens carregando botijões e usando água cedida pelo Clint, um jovem negro forte de cabelo rasta e um vistoso dente de ouro (na foto ao lado com Bernardo). E o preço do serviço? Clint me responde sério: "Nope man, água é vida. Você paga pelo ar que respira?" Quando lhe dei uma camiseta do Rally em agradecimento, ele abriu aquele sorriso dourado e tascou um God Bless U man, vou guardar essa "gersey" para meus sobreviventes. O meio de transporte popular é o maxi-taxi, lotação tipo uma Besta. Como somos muitos alugamos uma só para nós, com direito a ouvir as música das steel bands e muitas histórias do G One, nosso guia motorista. Visitamos a capital Scarborough, e margeamos toda ilha até Man of War Bay para almoçar com Tim e Johanna, do Rose Rambler, que estavam ancorados em Charlotteville. Além de peixe, experimentamos a popular sopa de joelho de vaca. Pigeon Point e Crown Point foram explorados a pé. Para Buccoo Reef, onde tem um parque, fomos de bote. Os preços, para brasileiros, em geral são altos. Um US$ vale 6 dólares de Trinidad e Tobago, ou TT. Frutas, legumes e verduras custam 3 vezes mais e não dão água na boca. Uma refeição, tipo "PF" custa TT$30. Uma cerveja Carib de 275 ml, para desespero do Hélio, custa TT$9 (ele achou a cerveja Samba por TT$4,75 no mini market), um rum popular feito aqui TT$10. Internet, TT$20/hora. Algumas coisas são mais baratas: passagem no maxi-taxi a TT$3, Coca-Cola de 600ml num bar a TT$4 e lavar roupa a $12TT para 8 kg.
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08 dez 2006 - 17h07 Dos quentes Lençóis para Tobago. O champanhe faz "Plock" e todos brindam. Cruzamos o Equador exatamente à zero hora do último dia de novembro na longitude 45° 32' W. Encontramos a zona de calmarias lá pelos 4° Norte e o vento virou uma zona. A travessia até Tobago durou 8 dias, um pouco mais do que esperávamos. Teve de tudo: céu limpo, comidas gostosas, bons papos/acalorados debates, chuva, noites de lua, trocentos jaibes, vento variando de 5 a 30 nós, alguns navios e pirajás, muitos pirajás. Não temos rádio SSB para acompanhar as previsões de tempo e para fofocar com o resto da flotilha, mas o Too Much (um Super Maramu de 52 pés) estava sempre por perto e nos mantinha informados pelo VHF. Vínhamos na rota planejada até o 3º dia, quando Jean avisou da calmaria perto da costa. Mudamos o rumo mais para Norte onde pegaríamos vento mais de alheta, ideal para o Kaka-Maumau. Escapamos da calmaria, mas perdemos a corrente a favor que nos empurrava com 1,5 nó. A rotina de bordo se estabelece. Começamos um torneio de dominó e as talas da vela grande (sempre ela) começaram a quebrar. O Comandante controla os dias pelo cardápio do almoço. No happy hour diário ele conta nos dedos: "Hoje é o quarto dia de mar. No 1° dia foi camarão, no 2° comemos frango, ontem foi sushi e hoje é filé no forno". No 5° dia o VHF nos traz outra novidade: uma tropical wave ao sul de 8° andando de Leste para Oeste, com ventos de 40 nós. Estávamos exatamente nessa latitude. Decidimos subir ainda mais um pouco. O Kanaloa, que saiu das Iles du Salut, ficou muitas horas com esse vento. Com essas subidas à cata de ventos amigáveis, acabamos navegando 130 milhas a mais do que o planejado. Pequenas anotações do diário de bordo: A lua cheia não apareceu, dia nublado e noite preta como breu ... No turno da Mara, às 6 da manhã, um super pirajá com ventos de mais de 30 nós por quase 1 hora ... Banho de chuva nos marmanjos às 02h30 da madrugada para dar o 2° rizo na grande ... Beta, depois que flagrou alguém cochilando, toma conta para que ninguém durma em seus turnos ... Jean, que está sem cerveja, tem síndrome de abstinência e delira vendo 4 barcos no radar ... Márcia, que está desaprendendo o português, pega pelo SSB e nos repassa diariamente as fofocas do resto da flotilha...Festa no mar, um bando de golfinhos acrobatas veio nos visitar. Para quem gosta de números, aí vai: Percorremos 1.342 milhas em 192 horas, a uma velocidade média de 7 nós. Nossa melhor marca em 24 horas foi 226 milhas no dia 30. A pior foi 146 milhas atravessando as calmarias. Usamos a grande sempre no primeiro rizo, pois armava melhor, e muito asa de pombo com a escota da genoa numa patesca na borda. Motoramos menos de 6 horas, para emendar as talas ou por conta do vento de popa muito fraco. Do meio para o fim da travessia, o banco de baterias, já cansado pelos mais de 2 anos de trabalho, jogou a toalha e o gerador fez turnos de 2x3 horas. Desde que saímos de Fortaleza fizemos quase mil litros de água em 17 horas de dessalinizador. A ração diária de cerveja do Hélio foi de 4 latas (sem contar a cachaça antes do almoço e o uísque de Beta) e Bernardo comeu mais de 50 pacotes de bolacha Cream Cracker.
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30 nov
2006 - 07h07 Os Lençóis Maranhenses em miniatura. A saída de Jeri teve que ser abortada. Com o vento fresco tivemos um probleminha com o rizo da grande. Enquanto André, o mestre veleiro local, reforçava à mão as costuras, ganhamos mais um dia em terra e Mara ficou mais tempo com o filho Fernando. O mar cresceu. As primeiras 12 horas das 296 milhas até a Ilha de Lençóis foram com 30 nós firme e ondas de quase 3 metros, tudo a favor. O Kaka-Maumau chegou a surfar a 15 nós! Tivemos que administrar a velocidade para não chegarmos à noite. Ancoramos às 8 da manhã de domingo debaixo de um foguetório. Será que eles sabem do Rally? Não, é a final do campeonato de futebol. Para desespero de Bernardo o Vasco local perdeu: 2x1 para o time de Bate Vento, vila que fica na ilha vizinha. Aqui é um Lençóis Maranhences em miniatura: Rios, ricos manguezais, fortes correntes por conta das marés de 5 metros, braços de mar, dunas, lagoas (secas nessa época do ano), uma vilazinha "encantada" de umas 400 almas e milhões de camarões (R$ 9,50/quilo). Guiados pelo meu xará Seu Hélio chegamos ao bar de Dona Laura, em frente a "Arena Copo Cheio" - um campo de areia para a pelada domingueira -, que logo se transformou na base do Rally. Jean, o chef de cuisine do Too Much (à direita, em flagrante registrado por Beta), depois de exigir que o fogão à lenha fosse aceso, foi para a cozinha e nos empanturrou com deliciosas receitas. Desistimos das Iles du Salud por conta das previsões de pouco vento perto da costa. A saída para Tobago foi adiada pela chegada do Rose Rambler (mais camarão) e do Beduína no dia seguinte (mais camarão de novo). Depois de um passeio num barco local, a despedida, pra variar, foi com uma super caranguejada (3 dúzias cevadas) das melhores que já comemos. ET: Veja uma seleção das fotos da Ilha dos Lençóis no linque Fotografias aí em cima
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22 nov
2006 - 21h13 Simplesmente Jeri. Fortaleza foi uma parada técnica: troca das velas, reforço na rede de proa, completar o estoque de comida (+26 dúzias de cervejas) e até vacina de febre amarela! O KaKa-MauMau ganhou um reforço na tripulação. Daqui até Trinidad o Comodoro Bernardo e Beta seguem conosco. A foto ao lado mostra todos os tripulantes dos seis barcos do I Rally Cabedelo-Trinidad no Marina Parque Hotel. Chegamos em Jericoacoara hoje às 10h00. Velejada literalmente costeira (para desespero do comandante Fernando, em alguns trechos a apenas 3 milhas da costa). Fizemos as 150 milhas em 22 horas. O desembarque é bem molhado e pura adrenalina: contravento, surf nas ondas com o motorzinho do dingue à toda seguindo uma onda e depois ainda temos que carregar o bote por um quilômetro por conta da maré baixa. O pôr-do-sol visto da duna continua sendo um programa obrigatório. Apesar da ancoragem mexida, dormiremos bem. Amanhã seguiremos para a Ilha dos Lençóis no Maranhão. ET: Veja uma seleção das fotos de Jeri no linque Fotografias aí em cima
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15 nov 2006 - 22h29 Estamos no Ceará. A terra da luz, e que luz! Atrasamos a saída para terça às 04h40 da madrugada com idéia de chegar em Fortaleza ainda com luz do dia. Sábia decisão. Foram 36 horas, com uma só noite no meio, de uma velajada com bom vento de popa com as velas armadas em asa de bombo. Em certas horas vento até demais. Ainda pela manhã mudamos de rumo na Risca do Zumbi. Lá pelas 12h30, depois de almoçar, dobramos a esquina do Brasil: o Cabo Calcanhar. Mais um cabo vencido, agora é descer ladeira em águas nunca dantes navegadas. Do I Rally Cabedelo-Caribe só a tripulação do veleiro francês Too Much nos acompanhou, o Kanaloa ainda não chegou. O Cavalo Marinho e o catamarã Beduína devem sair amanhã de Natal e, fechando a flotilha, o veleiro inglês Rose Rambler só deve chegar no domingo.
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10 nov 2006 - 18h30 Esse Onde Estamos?, como na temporada de 2005, vai ser uma mistura de Onde Passamos e Onde Estaremos. Pois é... Mais uma vez navegamos nas águas quentes do Nordeste a bordo do catamarã Kaka-MauMau, um Dolphin 46', do amigo Fernando. Dessa vez vamos dar um salto mais alto. A regata Travessia Noronha-Cabedelo deu frutos e seguimos juntos com mais 6 barcos no I Rally Cabedelo-Caribe. A Travessia Noronha-João Pessoa foi uma grande festa. Apesar de velejarmos com a vela grande no primeiro rizo, por conta de um rasgo na esteira, e só com um dos lemes chegamos em terceiro na classe multicasco A. A velejada de Cabedelo para Natal foi daquelas de mostrar barco para comprador: dia lindo, ventos de 12 a 15 nós de leste e mar "calmeirinho". Velejamos as 87 milhas em 13 horas, com direito a cochilos, bom papo e para almoço uma abobrinha com queijo e tomate que foi muito elogiada pela tripulação. Foto: Ricardo Montenegro Agora a flotilha está no Iate Clube do Natal, que como sempre nos recebe de braços abertos. Na segunda-feira, dia 13, seguiremos para Fortaleza, a segunda perna de 265 milhas do total de aproximadamente 2250 do I Rally Cabedelo-Caribe. |