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Perguntas Mais Que Freqüentes Sobre Dinheiro
Como me manter financeiramente, estando em alto-mar?
Em alto-mar não se gasta dinheiro, mas para morar a bordo é preciso ter uma renda.
O ideal é ter uma profissão que você possa exercer ao longo da viagem. As profissões portáteis, tipo jornalismo, escritor ou tradutor são ótimas pois só necessitam de um lepitópi e da Internet. Existe uma demanda na comunidade náutica para os profissionais de mecânica, eletricidade/eletrônica ou refrigeração, mas aqui as ferramentas são mais específicas e pesadas.
Se o barco for grande para fazer charter (alugar para passeios), sempre dá para arrumar um bico nas marinas ou ancoragens, mas é preciso ficar um tempo no lugar para criar clientela e ser conhecido, o que não combina com a idéia de “sair velejando pelo mundo”.
Outra opção é ter uma renda em terra. Um imóvel alugado ou alguém que toque seu negócio. Aqui se corre o risco do imóvel ficar vazio e a receita se transformar em despesa ou do sócio não corresponder às expectativas e o negócio, além da viagem, afundar.
Quantas e quais são as despesas numa viagem longa (ao Caribe, por exemplo)?
Depende dos seus hábitos de consumo. Os itens indispensáveis são: alimentação, manutenção do barco e taxas de entrada em alguns países. É bom ter uma verba reservada para saúde, passeios, transporte, comunicação, marinas (onde não for possível ancorar) e fotografia. Leia as respostas abaixo que informamos alguns valores.
Quanto custa um barco completo como o de vocês?
O MaraCatu é um Samoa 29, que deve ter custado aproximadamente US$ 40 mil, sem computar a mão-de-obra já que ele foi construído por nós entre 1989 e 94 (portanto suportamos a hiper do Sr. Sarnei, os planos econômicos desesperados, os congelamentos de preços e o confisco do Sr. Collor). Nenhum barco pode ser considerado completo, gostaríamos de ter um radar, uma balsa salva-vidas e, para ser quase auto-suficiente, uma forma de fazer água potável.
Qual o custo mensal da manutenção do barco?
Depende do tamanho e estado do barco. No caso do MaraCatu que foi bem construído (modéstia às favas), sempre teve boa manutenção e está em bom estado, as despesas são poucas.
Uma pintura de fundo a cada 18 meses - como "andamos" muito a tinta agüenta mais de um ano - nos leva mil reais. O seguro outros mil por ano. A cada 100 horas trocamos o óleo do motor (R$ 20) e a cada 200 o filtro do óleo lubrificante (R$ 15) e o do diesel (R$ 25). Em cada hora de motor queimamos 1,3 litros de combustível.
Antes de sairmos do Rio, demos uma geral no barco, incluindo pintura de convés, costado e fundo. Substituímos tudo que já estava cansado, como o bote, velas, alguns cabos e revisamos as ferragens externas.
Nos três anos de vida a bordo (entre 1999 e 2002), substituímos a mangueira de alimentação de diesel, a ponteira do pau de spinaker, a alça do burro na retranca, o reparo na bomba de pressurização, duas torneiras da pia da cozinha, as lâmpadas da sala e de navegação, um reparo das borrachas da privada, o tecido do dog house, uma bucha do eixo do motor, uma bateria (depois de 6 anos de uso - o MaraCatu já tem 8 que foi para água), um rotor da bomba d'água e três correias do alternador (é um de 100 ampères, por isso "come" um pouco mais de correia).
A próxima despesa será com a compra de um bote de apoio, que é a picape de carga do cruzeirista. O atual é um Nautika de PVC que com menos de um ano de uso começou a “melar” e agora está descolando todo.
Atualizado em abr/2003
Finalmente, durante o Rio Boat Show, conseguimos falar com a Nautika e após explicar o problema com o nosso bote, nos foi oferecido um novo, a um preço irrecusável e ainda parcelado em 5 vezes. Agora a “Unidade Móvel” do MaraCatu é um Nautika amarelo, de 2,40m e com fundo rígido. Um luxo só!
Para viver a bordo, qual o gasto médio mensal?
A resposta a essa questão é muito relativa, pois tudo dependerá dos seus hábitos de consumo, do número de tripulantes, do tamanho e estado do barco.
Nossa despesa anual é, em média, US$ 10 mil. Leve em conta que os últimos 3 anos ficamos pelo nordeste do Brasil, queimamos muito dinheiro com cigarros, eu bebo muita cerveja (Mara diz que eu mijo muito dinheiro), gastamos muito com fotografia e pouco com a manutenção do MaraCatu. Raramente paramos em marinas, sempre tomamos um drinque no fim da tarde, o famoso happy hour, a bordo do MaraCatu ou em barcos vizinhos (o costume é sempre levar sua bebida e algo para mordiscar). A vida é simples mas de vez em quando comemos fora em bares e restaurantes freqüentados pelos locais (os chiques e para turistas sempre são mais caros), fazemos passeios para conhecer os lugares que visitamos (normalmente de ônibus) e caminhamos bastante.
A renda do arroz-com-veijão vem do aluguel do nosso apartamento no Rio e da aposentadoria da Mara (ela conseguiu se aposentar pelo INSS com 25 anos de trabalho antes da mudança da lei). Além do seguro do barco (só Mara tem plano de saúde) mantemos um fundo para emergências e extravagâncias.
Se você tem alguma pergunta, dúvida, curiosidade ou discorda de alguma das respostas, mande um e-mail que a gente promete responder (podemos demorar um pouco, mas sempre respondemos). Se mais de uma pessoa fizer a mesma pergunta ela será incluída aqui, já que é uma Pergunta Mais Que Freqüente. |