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Perguntas Mais Que Freqüentes Sobre Generalidades
Onde vocês estão agora?
Essa foi uma das perguntas que mais nos foi feita, tanto que gerou a seção Onde Estamos no menu aí em cima.
Quem escreve os Diários de Bordo?
Os Diários de Bordo são escritos a quatro dedos. Normalmente a comandante Mara, por ser mais organizada, relaciona, a partir da sua memória (que é de elefante) e do Log Book (um caderno onde se anota tudo, desde as horas navegadas à vela ou a motor até a manutenção dos equipamentos), os fatos a serem narrados na seqüência em que ocorreram e com o nível de detalhes que ela acha razoável. Então o co-mandante Hélio entra em cena, inclui as suas impressões e tenta transformar o relatório inicial numa coisa gostosa de ler. Depois os dois fazem uma revisão pré-final onde acontecem algumas acaloradas defesas de pontos de vista. Aí entra em cena o corretor ortográfico que tira quase todos os erros de português, mas não os de gramática e concordância. Por fim acontece a revisão realmente-final, onde Mara gasta uma hora e Hélio alguns dias.
É um processo trabalhoso. Clarice Lispector uma vez disse que “escrever é fazer um galinheiro de ripas no meio de um furacão”. Bem apropriado para quem vive ao sabor dos ventos. Como não somos escritores e sim velejadores, às vezes, levamos quase uma semana para aprontar um simples textículo de 3 laudas.
Como é com a questão do enjôo?
No início da viagem, até Camamu mais ou menos, eu enjoava e a tática era tomar um Dramin umas duas horas antes da partida. Depois o organismo foi se acostumando. Fiquei curado numa viagem até a Itália na escuna Valtur Bahia quando tive que dar manutenção nos motores numa casa de máquinas quente, barulhenta, balançante e fedorenta; mas o pior, ou a cura, foi com o reabastecimento que consistia, no início da viagem, em transferir o Diesel de tambores de 200 litros amarrados pelo convés para os tanques, chupando por uma mangueira. Você sabe, nunca somos rápidos o suficiente e sempre sobra um gole ou outro. Agora não posso mais usar a tática de ficar sempre lá fora pedindo tudo a Mara porque enjôo quando entro na cabine.
O enjôo no mar é uma coisa séria, prostra o incauto podendo levá-lo até à desidratação. Marçal Ceccon, que deu uma volta pelo mundo no Rapunzel, diz que o enjôo é tão ruim que acontece em duas fases: Na primeira, o cidadão passa tão mal que fica até com medo de morrer. Na segunda fase é pior, porque aí a coisa continua e ele, desesperado,tem medo de não morrer!
Renato, do veleiro Samba, prega a teoria que “não se enjoa de estômago cheio”. Pelo menos foi essa tática que usou no trecho que navegou com a gente para comer muito e não ser tachado de guloso.
Mara até hoje não sabe o que isso significa. Por todas as situações que já passamos, nunca enjoou. Pode ficar dentro ou fora da cabine, ler, escrever, fazer navegação, cozinhar, sentir cheiro de diesel e sempre está numa boa.
Daniel, o velho no livro Meu Velho e o Mar, diz que ”nervosismo e medo ajudam a provocar enjôo, e que o terror pode curá-lo imediatamente”. Talvez eu estivesse nervoso e com medo, mas agora, como Mara desde o início, sofro de terror. Segundo o Aurélio terror pode ser qualidade de terrível, e terrível pode ser extraordinário. Vai ver que viver uma vida extraordinária também cura enjôo.
Quem é o capitão?
Nós fizemos um curso com o Comandante Miranda de Barros e fomos aprovados como Capitão Amador lá pelos idos de 1998. Mara é a comandante porque, além de mais tempo de mar (navega com a família desde 1968), tirou a nota mais alta (9,5 e ainda queria revisão da prova para saber onde errou), é a responsável pela navegação, comunicação (adora falar no rádio) e ainda faz o rango de bordo. Eu sou o co-mandante e cuido do manejo das velas e da manutenção pesada. Demais manutenções são feitas a quatro mãos. As decisões são tomadas em conjunto e a responsabilidade é dividida, afinal estamos literalmente no mesmo barco.
Durante estes anos morando a bordo, emagreceram ou engordaram?
Mesmo não levando uma vida sedentária engordamos. A vida é boa, pouco estresse, muitos happy hour, as comidas típicas dos lugares que visitamos são ótimas, a mestre-cuca de bordo faz quitutes deliciosos (o feijão incrementado com paio e carne de fumeiro acompanhado de farofa de alho com aveia é de comer de joelhos), sem falar na questão da idade, que sempre pesa.
Como vocês fazem para se comunicar com o resto do mundo?
Atualizado em jul/2007
A opção EDGE/GPRS via celular foi adotada a bordo do MaraCatu, desde julho/2006,com um plano de acesso ilimitado e custo fixo mensal. Funciona normalmente onde tem sinal de celular. A placa PCMCIA é a Sony Ericsson GC89. Não é uma banda larga, na realidade é banda fina, mas atende nossas necessidades. Já percorremos o litoral de São Paulo até o Maranhão e a internet só não funcionou em Abrolhos, na costa da Bahia, e na Ilha dos Lençóis no Maranhão, onde ainda não chegou sinal de celular.
Durante nossa passagem pelo Caribe, no início de 2007, usamos muito o sistema Wi-Fi. Sempre achávamos um sinal de rádio disponível (nem sempre de graça). A opção EDGE/GPRS com o chip brasileiro também funciona fora do Brasil, mas o custo é alto e depende do convênio da sua operadora com a operadora local. Se for ficar mais tempo fora é melhor comprar um chip local que cubra um conjunto de ilhas.
Atualizado em mar/2005
Estamos estudando o acesso via telefone celular pré-pago, ligado ao lepitópi, com a tecnologia GPRS. Usamos somente para troca de e-mail e previsão de tempo, quando fora do alcance da antena do provedor Wi-Fi (via rádio). Ainda é caro (R$ 5 o Mega transferido), mas não gera custo fixo mensal. Usamos um aparelho Siemens C-60 e o cabo de dados correspondente a esse modelo.
Atualizado em jan/2004
Agora, enquanto na baía da Ilha Grande, temos internet a bordo Wi-Fi (via rádio). Simplificando funciona assim: uma placa rádio no lepitópi e uma antena para amplificar o sinal que é enviado por um provedor. O alcance é pequeno, temos que estar ancorado com a antena do provedor no visual. Já usamos um provedor em Paraty e outro que cobre a região entre Mambucaba e Porto Real, incluindo assim Bracuhy, ilha de Cunhambebe, a cidade de Angra e outros pontos que gostamos de ancorar. Está previsto sinal para Sítio Forte e a vila do Abraão na Ilha Grande.
Para o sistema de rádio usamos uma placa PCMCIA Orinoco da
Lucent Tecnologies e uma antena externa omnidirecinal Vert 2400-18 da
Metaltec. Resposta em 2002
Na realidade, 80% do tempo estamos ancorados próximos a algum lugar que tem Internet, então usamos bastante e-mail, normalmente pagando o acesso em Internet Cafés. O rádio SSB (de longo alcance) é usado, tanto nas travessias como quando ancorados, para os papos diários com Dona América e os amigos que estão velejando, ou não, pelo mundo e para pegar as previsões de tempo. Usamos o correio convencional para mandar um postal aqui ou acolá. Usamos também os telefones públicos para o contato com a família e amigos em casos específicos, pois se abusamos pesa no orçamento. Quando vamos ficar mais tempo em algum lugar, habilitamos um celular pré-pago, usado mais para receber chamada.
Já acharam coisa mais bonita que Angra dos Reis?
Não gostamos de comparar lugares, cada um tem suas particularidades. Abrolhos tem a água mais transparente que já vimos mas não é um bom ancoradouro. Quando Américo Vespúcio achou a Ilha de Fernando de Noronha, dizem que ele disse “O paraíso é aqui”. E é mesmo, só que no verão é o paraíso dos surfistas e não dos velejadores.
Realmente o litoral norte de São Paulo e a Baía da Ilha Grande são privilegiados, porém, e sempre tem um porém, com pouco vento para velejar. Se a pergunta fosse: depois de conhecer todos os paraísos por aí, qual vocês escolheriam para ficar mais tempo? A resposta, por enquanto, é a região da baía da Ilha Grande ao sul do Rio de Janeiro.
Vocês que usam rádio SSB, quais as freqüências mais usadas?
Nosso rádio é um ICON-706 MKII que "fala" em todas as freqüências, um AH-4 como acoplador de antena e um fio de cobre esticado do topo do mastro até a targa como antena (conhecida como long wire). As freqüências que mais utilizamos, todas em USB (Upper Side Band), são:
O Iate Clube do Rio de Janeiro, além das freqüências acima, mantém escuta em 12435.4 KHz durante o horário comercial (hora Brasil) e 16593.3 KHz em casos especiais.
América: 13983 KHz. Infelizmente nossa fada madrinha Dona América não está mantendo escuta constante, mas os cruzeiristas sempre dão notícias nessa freqüência entre 18h00 e 19h00 (hora do Brasil).
Barcos de pesca: 4137.4 KHz, 4143.6 KHz, 4425.6 KHz, 6218.6 KHz e 8207 KHz. Diariamente, entre 07h00 e 18h00, os barcos de pesca se comunicam entre si e com suas bases em terra para dar notícias e relatar as condições do tempo observado no local onde estão.
Roda dos Navegantes: 14358 KHz, diariamente às 23h00 GMT, o rádio amador Raphael orienta os navegadores de sua estação nas Ilhas Canárias.
Um dos maiores benefícios de ter um rádio SSB a bordo, principalmente nas grandes travessias, é possibilitar o acompanhamento das previsões de tempo. Diversos institutos meteorológicos de todo mundo transmitem suas previsões. Tenha sempre em mãos o WORLDWIDE MARINE RADIOFACSIMILE BROADCAST SCHEDULES, que pode ser obtido e atualizado aqui. Já tivemos oportunidade de usar as transmissões da Marinha do Brasil (12665 KHz e 16978 KHz, às 07h45 GMT e 16h30 GMT - veja mais detalhes aqui), Boston e New Orleans (veja mais detalhes no WORLDWIDE MARINE RADIOFACSIMILE).
Se você tem alguma pergunta, dúvida, curiosidade ou discorda de alguma das respostas, mande um e-mail que a gente promete responder (podemos demorar um pouco, mas sempre respondemos). Se mais de uma pessoa fizer a mesma pergunta ela será incluída aqui, já que é uma Pergunta Mais Que Freqüente. |