Pé na estrada
Casa
de campo
Dobar dan
Regatas
Grécia
um país azul
Itália: Mar Adriático
Grécia
mar Iônico
Ao mar, novamente com leme
Sem leme e sem documento
Bem vindos ao Aquarela
Amigos de
terra, mar e ar
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Amigos de
terra, mar e
ar
Depois de muita insistência dos amigos, resolvi escrever sobre essa viagem. É
sempre muito complicado colocar em palavras escritas os nossos sonhos, planos,
devaneios ou loucuras. Seja como for, começamos essa história assim... Ganhamos
um barco furado em Salvador, em maio de 2000, embarcamos um mundo de "trens" na
vespa e rumamos para Beagá (BH) para trabalhar uma semana e juntar mais uns
trocados aos nossos 80,00 reais que tínhamos.
Com tudo estava
pronto, partimos para Salvador na esperança de realizar nosso sonho, viver num
veleiro. Foram 4 dias e 3 noites de estrada, dormíamos em postos de gasolina e
postos da polícia rodoviária. Os posto de gasolina tinham boa infra-estrutura,
quando chegávamos ao anoitecer, preparávamos uma refeição quente, na única
panela que levamos, tomávamos banho frio, pois no nordeste todo não se tem o
hábito de banho quente e armávamos a barraca para dormir, quer dizer; morríamos
até o amanhecer. Ao chegarmos em Salvador, descobrimos o lógico: que o barco não
era o que esperávamos. Gastaríamos mais que se comprássemos um usado.
Passamos 10 dias em Salvador conhecendo veleiros e pessoas, para podermos
decidir o que fazer. Chegamos a conclusão que era melhor achar um veleiro
pequeno para comprar e morar, e com esse objetivo partimos para Maceió, onde
ficamos uma semana hospedados em um veleiro de um casal de amigos, trabalhando e
aprendendo um pouco sobre fibra e consertos de barcos, depois seguimos para
Olinda, para visitar outros amigos. Lá jogamos âncora por 5 meses, conhecemos
muita gente legal e um grande amigo que nos ofereceu trabalho em sua escola de
vela e moradia, foi um período que aprendemos muitas coisas sobre manutenção de
barcos. Fomos ainda procurar barcos em João Pessoa e Natal mas descobrimos que
pelo nordeste os veleiros são mais caros devido a grande demanda e pouca oferta.
Em novembro decidimos partir em busca de um veleiro de 21 a 25 pés, barato, para
reformar e morar. Nos despedimos dos amigos de Pernambuco e com muitas saudades
zarpamos, com promessas que voltaríamos o mais breve possível...depois fomos
para Porto Seguro ajudar um casal de amigos a montar outra escola por lá. Daqui
por diante segue o diário de bordo dessa última perna da nossa viagem.
Dia 09/11/2000
Olinda, embarcamos na quinta às 05h30, com tudo a bordo da Tonha (nossa vespa já
tinha recebido um nome de batismo em Pernambuco), a linha d'água estava arriada.
Embora tivesse um bom nordeste, devido a falta de área vélica de Tonha (a vespa)
ligamos o motor e zarpamos. Num bordo só até Jaboatão quando o bagageiro de proa
por ferrugem ou peso em excesso, desmontou-se. Parada para solda e conversa
fiada por uma hora. De novo na estrada rumamos para Maceió, em 6 horas ancoramos
na Federação para ter notícias dos amigos, depois jogamos âncora na "marina do
Tadeu", que estava trabalhando em terras distantes, mas fomos muito bem
recebidos pela sua tripulação e tivemos uma noite de sonhos.
Dia 10/11/2000
Zarpamos novamente às 6h, rumo a Aracaju, orçamos um pouco, mudança de vento,
alcançamos uma frente fria que nos deixou molhados. No Iate Clube nada de
barcos, naturalmente foram vendidos a pouco tempo, mas fizemos bons contatos por
lá. Às 15h ainda chovendo muito resolvemos seguir viagem, pois a barraca não era
muito à prova d'água. Por falta de sinalização na saída do canal, erramos o rumo
e conhecemos o farol de São Cristóvão, outro bordo e rumamos para o Povoado do
Mosqueiro, no meio do caminho conhecemos um estaleiro de catamarãs, visitamos
todos os barcos. Atravessamos o rio de balsa, arribamos até a linha verde.
Jogamos os ferros e apagamos de cansaço.
Dia 11/11/2000
Às 6h nova visada, traçamos nossa rota, rumamos para Salvador em busca de um
amigo. Com as coordenadas certas, às 12h30 encontramos no Iate Clube de Aratu
nossos amigos Mario, Hélio e Mara, muita conversa sobre construção, dicas
fundamentais e alguns contatos. Dormimos embarcados no Maracatu ( samoa 29), uma
noite de tempestade, nessa abrigadíssima baía foi uma noite tranqüila.
Dia 12/11/2000
Foi difícil levantar âncora, as companhias estavam muito agradáveis, sob
protestos soltamos as amarras às 11h30 com dois bordos chegamos em Itaparica de
Ferry Boat, é claro. Já no continente pegamos vento nordeste de uns 12 nós,
seguimos de empopada até Valença, no mesmo rumo passamos por Camamu e numa
estrada cheia de curvas e descidas o timoneiro conseguia adernar a Tonha uns 30
graus. Mais uma noite na estrada na BR 101, próximo a Itabuna.
Dia 13/11/2000
Amanheceu chovendo, mas mesmo assim, às 5h "içamos a vela temporal na proa e
rizamos a grande", rumamos para sudoeste, destino Santa Cruz de Cabrália. Frio e
chuva fina nos acompanhou até às 11h, quando jogamos os ferros para um almoço
feito na nossa cozinha a bordo. Duas hora de empopada e chegamos no porto de
Pedro e Heloísa. Mesmo sem eles conhecemos as instalações, descansamos,
dormimos. Quando chegaram fomos recebidos calorosamente. No primeiro dia
desembarcados foi dia de faxina, lavagem de roupa, geral na Tonha e banho. Na
tarde do mesmo dia conhecemos o porto abrigado onde será construído a sede do
CENPS (Centro Esportivo e Náutico de Porto Seguro), e também onde funcionará a
escola de vela, motivo pelo qual ficamos ancorados por lá uma semana, para dar
uma mãozinha na estruturação da escola. Tivemos a oportunidade de conhecer um
barco a venda, fim de feira, quem sabe a gente pega essa missão impossível?
Dia 19/11/2000
Às 6h todos a bordo, rumamos para Vitória numa única perna de 13h30 de viagem.
Mortos chegamos em casa. Nos dias seguintes visitamos os amigos e nos preparamos
para próximas pernas dessa viagem. Campos, Macaé, Niterói, Rio, Itacuruça,
Angra...
É sempre muito especial chegar em um novo porto, Vitória é nosso 1º porto. Foi
bom reencontrar os amigos daqui, e melhor ainda, foi encontrar os que também
estão subindo a costa rumo as delícias do nosso caloroso nordeste.
Seguimos para Campos para encontrar com o meu irmão e depois de matar as
saudades, seguimos pelo litoral, Macaé, Rio das Ostras, desanimamos com os
preços de barcos e seguimos direto para Niterói e o Rio de Janeiro, visitamos
dezenas de clubes procurando barcos.
Ficamos hospedados na casa de um amigo 5 dias, vimos quase todos os barcos a
venda no tamanho que tínhamos escolhido, todos muito caros e em péssimo estado
de conservação.
Rumamos para Angra, chegamos de baixo de chuva. Acho que não houve uma única
praia sem que entrássemos, de vespa, a procura de um mastro na água.
No Bracuhy, nos hospedamos no Aruanã, veleiro de uns amigos de BH. Por essa
época já estávamos descolados com o código de venda de barcos, e começamos
procurar veleiros abandonados e marinheiros para obter mais informações sobre
barcos a venda, é incrível, mas mesmo querendo vender o barco seus proprietários
não anunciam. Vimos isso em todo o Brasil, de Natal até Angra.
Quando chegávamos, perguntávamos sobre barcos a venda, nos respondiam que não
tinha, depois de 15 dias apareciam meia dúzia e passando um mês surgiam mais de
15 veleiros.
Em Dezembro do ano de 2000 conseguimos o nosso tão sonhado Barquinho, o
Aquarela. Foram 5 meses de preparativos, trabalhos e reformas no Aquarela.
E um reforço nas nossas finanças, para irmos para Olinda, terminar um trabalho
legal que havíamos começado por lá.
Bons ventos
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