Pé na estrada
Casa
de campo
Dobar dan
Regatas
Grécia
um país azul
Itália: Mar Adriático
Grécia
mar Iônico
Ao mar, novamente com leme
Sem leme e sem documento
Bem vindos ao Aquarela
Amigos de
terra, mar e ar |
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Um povo um
idioma uma cor um país: Grécia
Iasú
(Oi)
Cada
viagem é uma experiência nova. Não simplesmente pela mudança de lugar mas porque
não se vê um mesmo lugar duas vezes com os mesmos olhos.
A Grécia para mim, esse ano, foi uma experiência única.
Desde muito jovem tive interesse por esse país, sua mitologia, sua história. E,
agora, estando lá pela segunda vez, quase me senti em casa, a vontade. Procurei
aprender alguma coisa básica do grego e comecei estudar o idioma. Nos dois
primeiros dias não entendia muito, mas como acontece quando se é criança em fase
de alfabetização, deu um estalo e agora já leio grego (mas não entendo nada).
Fiquei tão feliz que empolguei com a língua grega e toda hora que tinha uma
folga estudava. Assim fui aumentando meu vocabulário, e como diz uma amiga
minha, falei sem vergonha de errar que é assim que se aprende a comunicar.
E com essa atitude consegui conhecer pessoas que trabalhavam no comércio e que
eu tinha contato constante. Aqui eles falam um inglês precário, e italiano em
alguns lugares. Eu sempre falava que era do Brasil e recebia um sorriso sincero
em retribuição; incrível como eles gostam do Brasil.
Tive
duas experiências marcantes: em uma delas eu estava na ilha de Kálamo, esperando
na fila do telefone público e um garoto americano e um senhor grego estavam
tentando em vão se entender. Me pediram pra ajudar a esclarecer o que os dois
falavam (em inglês). Queriam saber de onde eram e essas coisas que se diz quando
se é turista, depois me perguntaram de onde eu era. Quando disse Brasil
foi uma chuva de perguntas ( juro que não é folclore, me perguntaram até do Pelé).
Depois o senhor começou a falar as poucas palavras que ele lembrava em
português, e me contou emocionado meio em italiano meio em inglês, que tinha
estado no Brasil há 40 anos por 6 vezes e disse a tal palavra em português
que quer dizer tudo: saudades!
Ele me puxou de lado pois sua esposa estava no telefone, e me contou que tinha
deixado o melhor da vida dele no Brasil, e com lágrimas nos olhos beijou minha
mão e me deu seu amuleto, um pequeno cordão de contas que eles dizem que é
anti-stress, um passatempo.
Não tive como recusar; agradeci efikasristo (obrigada em grego) e
perguntei porque não voltava ao Brasil de férias um dia e ele me respondeu
magari (quem dera, se eu pudesse). Não sei seu nome, e estive em Nísos
Kálamo por 10 horas. Nos folhetos turísticos dizem que é uma reserva florestal e
a chamam de ilha do amor. Naquela noite, conversando fiado, fiz alguém se
recordar que está vivo, que o que vivemos é o que vale a pena, nosso tesouro são
as lembranças. Fui embora sem conseguir falar ao telefone com o Brasil, e também
com saudades.
Na
semana seguinte em Fiskárdho, fazendo compras perguntei para um velhinho alguma
coisa e deixei escapar algum comentário em português. Dessa vez foi ainda mais
emocionante: ele reconheceu o português e me fez um
monte de perguntas, como era morar no Brasil hoje, depois me confidenciou que
tinha vindo ao Brasil em 1954, quando nem eu estava por lá. Conversamos
por uma meia hora ele me contou sobre sua vida de marinheiro, falei
que também era marinheira. Antes de me despedir ele me ensinou o cumprimento dos
marinheiros gregos; a Grécia é realmente um lugar mágico, lindo, com um povo muito
especial.
Kaló Taksídhi (Boa viagem)
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