Pé na estrada
Casa
de campo
Dobar dan
Regatas
Grécia
um país azul
Itália: Mar Adriático
Grécia
mar Iônico
Ao mar, novamente com leme
Sem leme e sem documento
Bem vindos ao Aquarela
Amigos de
terra, mar e ar
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Ao
Mar, novamente, com leme
Depois de uma longa
espera, de 43 dias, em Vitória - ES, o leme ficou pronto e ao mesmo tempo tive
uma boa previsão de ventos NE/E. Levantei âncora, no dia 19/04/03 às 12h rumo ao
Rio de Janeiro.
O vento estava perfeito, de 15 a 18 nós, a genoa 1, a grande risada para
equilibrar o barco e com o incansável leme de vento trabalhando, fiz nas
primeiras 24 horas, 110 milhas, um recorde na história do Aquarela.
Cheguei no dia seguinte, no través do cabo de São Tomé, numa posição distante 40
milhas da costa. Com o mar tranqüilo e o vento fraco, o Aquarela fazia uma média
de 2,5 nós, com todos os panos em cima, e lentamente completei o segundo dia de
viagem com 68 milhas percorridas. Neste dia o João Carlos fez contato via rádio
para me passar a previsão de tempo: o vento continuaria a favor e enfraquecendo.
Para não deixar "passar em branco", tive alguns momentos de adrenalina com
navios, no meio da noite, a umas 20 milhas da ilha de Cabo Frio, que me
roubaram o sossego por horas a fio de vigília e manobras.
Depois disso o vento ficou fraco até as Ilhas Maricás, mas sempre à favor, e
assim percorri as últimas 120 milhas em dois dias, no velho, tradicional e fiel
estilo Aquarela.
Devo dizer que chegar no Rio é um presente para os olhos. Com certeza é uma das
baias mais bonitas do mundo. E para mim é sempre como se fosse a primeira
vez. No dia 22 de abril, depois da hora do almoço, joguei âncora na baia de São
Francisco próximo ao Clube Naval Charitas, onde fui muito bem recebida por
todos. Minha intenção era ficar uns dias no Charitas, para visitar os amigos e
colocar as notícias em dia. Acabei ficando quase um mês em Niterói. Meu amigo
Ricardinho não se conformava que eu andasse sem motor na região da baia de Ilha
Grande (um lugar de poucos ventos) e resolveu me emprestar um (antigo) motor de
popa de 3hp. No dia 27 de maio, com a maré vazando e pouco vento levantei as
velas rumo à Ilha Grande, passei por Copacabana, como todo turista, encantada
com a paisagem. No fim da tarde já havia deixado as Tijucas pra trás. A noite o
vento diminuiu mais ainda e lá vamos nós, Aquarela e eu, a 2 nós de velocidade.
Quando amanheceu já estávamos entre a Ilha da Marambaia e a Ilha Grande. Mas
para testar minha paciência o vento acabou completamente. Resolvi tentar usar o
motor que, é lógico, não funcionou. Por horas tentei fazê-lo funcionar e nada.
Nessas horas só há uma coisa a fazer: pôr minhas leituras em dia. E como era de
se esperar o vento apareceu fraquinho à tarde e segui para o Abraão onde ancorei
numa baia tranqüila mais afastada do movimento do ancoradouro da vila. Estava
uma noite linda. Depois de tudo organizado lá fora fui fazer as anotações no
diário de bordo quando me dei conta que há exatamente dois anos, no dia
28/05/01, eu tinha partido do Abraão para minha viagem ao nordeste. Isso mereceu
um belo jantar de comemoração!!!
Depois de uma noite bem dormida, resolvi mexer no motorzinho de popa pois afinal
eu não queria só estar levando-o para passear. Fiquei umas duas horas limpando o
carburador, secando a vela e só, porque não sei fazer mais nada nessa área.
Inacreditavelmente ele funcionou!!!!! Arrumei tudo e levantei a âncora, o vento
começou a soprar, e assim velejamos até a cidade de Angra dos Reis. Fiquei por
lá uns 2 dias e segui para a Marina Bracuhy para rever os amigos e matar as
saudades. Quando avistei o condomínio me senti em casa, de volta pra casa.
Cheguei com um belo vento de popa e joguei o ferro na prainha de sempre...
De todo o tempo que passei viajando em barcos a vela, posso dizer que essa
viagem que fiz de Salvador à Angra foi a minha melhor viagem. Tive receio no
começo de não me adaptar a ficar sozinha tanto tempo, mas foi muito bom e
especial, pude perceber a paz e a harmonia de tudo à minha volta e minha própria
sintonia com o mar, o vento e o Aquarela. Depois a rotina de bordo tem um ritmo
que me mantém ocupada a maior parte do tempo, e com o passar dos dias, o
silêncio, os pensamentos, os sonhos são integrados à viagem. Essa vida é mesmo
muito especial e cada experiência é única.
Bons ventos
Chris
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