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    Pé na estrada 
    Casa 
    de campo 
      
      Dobar dan
       
      
      Regatas
      
     
      
      Grécia 
      um país azul 
      
    Itália: Mar Adriático 
      
      Grécia 
      mar Iônico  
      
      Ao mar, novamente com leme
       
      
      Sem leme e sem documento
       
      
      Bem vindos ao Aquarela
      
     
      
      Amigos de 
      terra, mar e ar 
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Regatas 
  
"Vento solar e estrelas 
do mar..." 
    
      
    
    
 Pequenas coisas que nos acontece, 
    permanecem na lembrança pra sempre, na véspera da minha partida, sai pra 
    velejar no Marabá, fizemos o "giro al vela da Isola Gipóia", foi muito 
    divertido, tivemos vento por quase todo o dia e um por do sol com todas as 
    cores dos dias de outono. A noite preparei um jantar de despedida na casa da 
    Ciça e Breyer, fizemos um risoto al tutti maré, cozido no vinho branco, foi 
    uma grande festa com meus amigos, que saudades!  
    A chegada aqui na Itália foi perfeita, na segunda noite me presentearam com 
    um belo jantar de boas vindas. Já no primeiro fim de semana tivemos treino, eramos 16 tripulantes a bordo, uma loucura!!! 
    Sempre com ventos de 15 a 20 nós, treinávamos todos os fins semana, por umas 
    4 horas. Levei um tempo para aprender todos os nomes da tripulação, mas em 
    compensação todos sabiam meu nome e repetiam centenas de vezes por dia, pois 
    como tinham muitas coisas para ajustar no Fetch, com cabos das adriças e 
    escotas e impiubatura, (são mãos nas pontas dos cabos) em cabos solteiros, 
    adriças, escotas, com alma ou de spectra, que eu fazia o tempo todo; a 
    tripulação era eclética, tinha de 16 à 70 anos, só um detalhe eram 15 homens 
    e só eu de mulher, não sofri nenhum tipo de preconceito mas também posso 
    dizer que ninguém facilitou nada pra mim só porque sou mulher. 
    Em um dos treinos, nas redondezas de Bisceglie, Mar Adriático, pegávamos 
    sempre um pescador ou alguma coisa que estivesse flutuando para fazermos de 
    bóia de contra vento e montarmos, para treinar a içada do Genaker e as 
    cambadas; uma vez pegamos uma pequena lancha que estava ancorada, detalhe 
    tinha umas 6 pessoas na lancha tomando sol, assim o tático gritava "sette 
    lunguezza", "sei lunguezza"... (lunguezza é o tamanho do barco) até chegar 
    em "tre lunguezza" que era quando o genaker deveria estar pronto pra ser 
    içado e todos se movimentam em função da manobra, em "una lunguezza" a vela 
    é içada com elásticos para não armar antes da hora, e o timoneiro grita 
    "atento a vira", bom se tudo desse certo o genaker se abria e literalmente 
    acelerava a velocidade do barco, só que dessa vez o pessoal da lancha se 
    assuntou com aquele enorme veleiro de 24m de aproximando há uns 9 nós, 
    ligaram o motor e começaram a tirar âncora, assim nossa bóia se movia e 
    ouvíamos a gritaria do pessoal da lancha, mesmo assim o timoneiro manteve o 
    rumo e "montamos a bóia-lancha" como previsto; e passamos por eles com o 
    gurupés há 5m, a manobra foi perfeita, mas tenho a impressão que o povo da 
    lancha está xingando a gente até agora (por favor não façam isso em casa). 
    Para cambar com o Genaker treinávamos exaustivamente, nossa marca estava em 
    12 segundos uma cambada. 
    Foram 3 semanas de treinos, partimos pra Brindisi uma semana antes da 
    Regata, pois no sábado e domingo haviam regatas triangular, chegamos em 
    primeiro em todas as regatas mas ... devido ao rating ficávamos em terceiro 
    e quarto no corrigido. Muitas festas e jantares na semana que antecede a 
    Regata Brindisi/Corfu, porque chegam barcos de toda a Europa, principalmente 
    do Adriático leste, e como vem em regatas de seus países de origem chegavam 
    quase todos juntos; e assim muita comemoração e música, pasta e vinho, 
    parecia uma torre de babel, tanto eram os idiomas que se ouvia, e junto a 
    todos esses eventos acontece o Salão Náutico de Brindisi, por isso são 
    centenas de pessoas visitando os barcos e fazendo milhares de perguntas em 
    todos os idiomas para qualquer um que estivesse de bobeira no convéns do 
    Fetch 4. 
    No dia anterior da Regata Internacional Brindisi/Corfu, entrou uma frente 
    fria de NW (chamada aqui de Maestrale) muito forte, ventos de 45 a 48 nós, a 
    regata foi adiada para o dia seguinte de manhã bem cedo, por causa dos 
    Ferryboats. Durante toda a noite o vento foi forte, e o Fetch adernava uns 
    20 graus amarrado no pier com 6 cabos e 4 poitas, ao amanhecer tinha 
    diminuído pra 30 nós, na média, e como era a favor, partimos para Corfu, a 
    largada foi dentro do porto, eram mais de 90 veleiros de todos os tamanhos e 
    de toda a Europa, vi bandeiras da Suécia, Irlanda, Dinamarca, Suíça, 
    Croácia, Malta, Bósnia, Montenegro, Grécia, Turquia, Espanha, França 
    (muitos), Portugal e África do sul (vi somente um assim de tão longe).  
    Adrenalina pura, a largada foi de contravento e essa perna era pequena, 
    assim em 6 minutos já estávamos com o genaker pequeno 380m² pronto para ser 
    içado. Voávamos há uns 14 nós, largamos na frente, quarenta minutos depois 
    trocamos o genaker por um maior de 510m², levíssimo, todo branco quase 
    transparente, uma manobra perfeita içamos o genaker grande primeiro e 
    baixamos o pequeno por trás para não perder velocidade, nem tocar na água, 
    toda a equipe em sintonia, cada um sabia exatamente o que fazer, assim 
    permanecemos em primeiro por quase toda a regata, 104 milhas náuticas, 
    fazíamos nas planadas 17 nós, nas últimas 2 horas o vento diminuiu muito, e 
    onde estávamos foi uma "sfortunada" escolha, assim perdemos a liderança e 
    cruzamos a layline em quarto lugar, com 8h 53min.  
    Foi uma regata muito boa, tivemos um dia com sol e claro, a visibilidade era 
    tanta que se podia ver a Itália e a Albânia ao mesmo tempo. O pessoal não 
    desanimou nem na hora da chegada, estávamos sempre de alto astral, mesmo 
    quando rompeu a escota do genaker e ficou só com a alma e um dos 4 proeiros 
    tiveram que subir até o punho pra trocar a escota, e eu passei por cima uma 
    outra e costurei, assim a que eu refiz ficou à sotavento.  
    O espírito de equipe, o astral, o bom humor, o esforço conjunto, o 
    incentivo, foi pra mim uma experiência inédita e muito positiva, além do que 
    aprendi muito ajuste e manhãs para manobras de velas, e que todos estão 
    acompanhando os movimentos um do outro, não era preciso pedir nada. Também 
    era exaustivo, no fim do dia quando todos desembarcavam eu só pensava em 
    dormir, as vezes eu estava com fome mas só de pensar em andar 5 quarteirões 
    para ir jantar preferia um iogurte e dormir! 
    Depois da regata voltamos pra a Itália com uma bela "motorada" porque não 
    tinha vento e todo mundo queria ir pra casa! Fiquei em Brindisi ainda uma 
    semana depois voltamos para o nosso porto em Bisceglie. 
    Agora a temporada de regatas está suspensa, é verão e todos estão saindo de 
    férias com seus veleiros, o Fetch irá para a "Dalmácia" é como a Croácia se 
    auto denomina, por causa das 1185 ilhas (referência as pintas do cão da raça 
    dálmata). 
     Bons ventos e até setembro quando recomeçam os treinos e as regatas. 
    Christina Amaral  | 
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