Caros amigos,
Após dois dias e meio em Mauricio consegui descansar um pouco, provisionar o barco, e principalmente, trocar o estai de bombordo, que estava com 8 fios quebrados dos 19 que o compõe.
O estai começou a quebrar os fios antes da chegada a COCOS KEELING. Achei que poderia comprar um novo em COCOS KEELING, mas não foi possível, teria que pedir em PERTH ou DARWIN, e demoraria 8 dias no mínimo para chegar, eu não poderia esperar tanto tempo, pois a temporada dos ciclones começa em novembro nesta região.
Um motorista de taxi de MAURICIO Sr. Rachid (PAQUISTANÊS), que conhece tudo na cidade, me levou a uma loja de um patrício, que tinha o cabo e os terminais. O dono da loja me cobrou 1.000 dólares americanos (um roubo), mas não tinha saída.
Eu não podia continuar a viagem com o estai quebrado, sob risco de perder o mastro. Deixei o cabo quebrado na loja para que tivessem as medidas corretas, e pedi para que tomassem cuidado na prensagem e na montagem do terminal norseman.
Recebi o cabo às 17 horas do dia 09/11/2011, e aparentemente estava tudo normal. Montei o cabo no mastro, apertei e achei que estava perfeito. Chamei um velejador americano, Paul do veleiro DREAM WEAVER, para conferir, e ele teve a mesma impressão.
Soltei as amarras do cais da capitania dos portos de Mauricio dia 10/11/2011, as 14:30 hrs, e me fiz ao mar, destino: DURBAN AFRICA DO SUL 1600 milhas náuticas a oeste.
Às 21 horas já estava a 30 milhas, e ainda podia ver o clarão das luzes de Mauricio. Fui dar uma conferida no estai novo que eu havia montado no barco. Para minha desagradável surpresa o estai estava solto, estava saindo de dentro do terminal norseman.
É provável que a pessoa que o montou não sabia o que estava fazendo, e não montou o estai de forma correta.
Subi no mastro e amarrei um cabo de spectra de 16 mm. No terminal do cabo de aço, passei em um moitão preso na placa de fixação no convés, levei até a catraca e tensionei o máximo que a catraca suportava e achei que ficou bom. Desci a cabine olhei no GPS e vi que a ilha Francesa de REUNION, estava a 96 milhas de onde eu estava, rumei para lá, com previsão de chegar às 16 horas do dia 11/11/2011.
Chegando a REUNION, a capitania não respondia ao chamado do radio, rumei direto para o porto e amarrei o barco em um cais que estava disponível. Conversando com um local ele me informou que era feriado local motivo pelo qual eu não consegui resposta pelo radio, mas que a capitania estaria aberta no sábado às 8 horas, me informou também que eu não poderia amarrar o barco onde estava, mas também não sabia informar onde seria o local apropriado.
Quando eu estava voltando para o barco, apareceu um casal de franceses, e me disseram que na marina havia um lugar perto do barco deles, e que eu poderia colocar o barco lá.
No dia seguinte logo cedo desmontei o estai e fui à capitania, para fazer os papeis de entrada.
Lá o funcionário me informou que as duas empresas que poderiam consertar o estai, estavam fechadas, pois tinham emendado o feriado da sexta, mas que tinha uma loja náutica perto do porto que estava aberta.
Ao chegar à loja fui informado que o dono da loja que poderia fazer o serviço estava de férias. Pedi ao funcionário da loja se poderia usar a oficina para fazer o conserto, ele me disse que não.
Logo em seguida chegou à esposa do dono da loja, e conversando com ela, ela me autorizou a usar a oficina.
O Engenheiro Marcos Delamare, construtor do barco, havia me explicado como montar o terminal norseman, por telefone na noite da minha chegada.
Montei o terminal norseman com muito cuidado, e achei que o trabalho ficou muito bom, agradeci a dona da loja perguntei quanto tinha que pagar e ela me disse que não era nada. Comprei algumas coisas que eu estava precisando para o barco, e sai da loja feliz da vida por ter dado certo.
Montei o estai com ajuda da Sonia e o Jerome, o casal de franceses que haviam ajudado a atracar o barco. Apertei o cabo um pouco mais forte, para no dia seguinte pela manhã ajustar no ponto, com a mesma tensão do cabo de boreste.
No dia seguinte abasteci os tanques com óleo diesel, soltei as amarras e parti às nove horas manhã com destino Durban, com previsão de velejar entre 12 e 14 dias.
ATÉ LÁ, COM A PROTEÇÃO DO CRIADOR DO UNIVERSO.
Marinheiro Raimundo.
Informações para aqueles que não são velejadores.
Estai: cabo de aço inoxidável, que segura o mastro.
Bombordo: lado esquerdo da embarcação, olhando da popa para a proa.
Boreste: lado direito da embarcação, olhando da popa para proa.
Terminal norseman: peça apropriada para prender uma das pontas do cabo de aço.
Cabo de spectra de 16 mm: cabo sintético de material super resistente.
Catraca: Guincho usado para tencionar os cabos das velas